sábado, 3 de julho de 2010

Aliados de Serra e Dilma preveem disputa eleitoral acirrada até o fim

DEU EM O GLOBO

Tucanos se dizem aliviados com pesquisa; para PT, nada mudou

Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti

BRASÍLIA. A oposição respirou aliviada ontem com a nova pesquisa do Datafolha, na qual o tucano José Serra voltou à dianteira na disputa presidencial, ainda que seja por apenas um ponto sobre a candidata petista, Dilma Rousseff, e a margem de erro seja de dois pontos. A campanha de Serra enfrentou sua pior crise na última semana com o principal aliado, o DEM, por causa da escolha do candidato a vice. Os tucanos admitem, porém, que será dura a disputa. No PT, a pesquisa também foi avaliada como positiva e com a mesma ressalva: a eleição será acirrada até o fim.

Serra não quis comentar a pesquisa. Para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), o resultado do Datafolha não surpreende. Segundo ele, bate com os dados de pesquisas internas do partido, que já sinalizavam uma recuperação:

- As coisas estão como foram previstas. Vamos entrar nesta segunda etapa da disputa competitivos e com chance de vitória, apesar da confusão jurídica reinante - disse.

Mesmo reconhecendo que a disputa não será fácil, Guerra disse acreditar que Serra tem condições de ampliar sua vantagem. Ele frisa que, em pesquisas qualitativas encomendadas pelo PSDB, Serra superaria Dilma em vários quesitos. O tucano é apontado, por exemplo, como o mais preparado para governar o país e com mais capacidade de liderança. Dilma, porém, seria considerada melhor que Serra na condução do programa Bolsa Família.

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), também prevê uma eleição disputadíssima, como ocorreu recentemente no Chile. Lá, o candidato governista Eduardo Frei perdeu a acirrada disputa para o representante da oposição, Sebastian Piñera, apesar da grande popularidade da ex-presidente Michelle Bachelet.

- Isso só mostra que a eleição não está decidida, como já imaginavam alguns governistas - afirmou Maia.

PT aposta na TV para reforçar elo entre Dilma e Lula

Para o presidente do PT, José Eduardo Dutra, o resultado do Datafolha está dentro do previsto pela campanha, com um empate entre Dilma e Serra no início deste mês. A estratégia do PT é reforçar a imagem de Dilma ao lado do presidente Lula. O partido aposta no horário eleitoral gratuito para que ela assuma a liderança da disputa.

Dutra ironizou as previsões dos tucanos para junho, por causa da aparição de Serra nos programas partidários na TV.

- Se alguém for pegar as manifestações dos tucanos há dois meses, vai encontrar a frase de que "maio seria o mês da Dilma e de que junho seria o do Serra, por causa da propaganda na televisão". Passou o mês de junho e nada aconteceu. A campanha está absolutamente dentro do que se esperava: os dois começam absolutamente empatados. Nada muda na nossa estratégia.
Vamos vincular Dilma ao projeto do governo Lula - disse Dutra. - Essa campanha será decidida nos 45 dias da propaganda na televisão.

Líder do governo e coordenador da campanha, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse considerar a pesquisa Datafolha favorável para Dilma. Mas afirmou que houve um desvio amostral na região Sul do país, onde o tucano cresceu muito.

- Acho a pesquisa Datafolha muito favorável. Tem um desvio exagerado na região Sul. Não é intencional, mas foi um resultado que saiu do padrão. Esperávamos que Dilma chegasse aos 25% agora, e ela está empatada com Serra. Esse resultado só reforça a tese de que estamos no caminho certo.

No staff da candidata Marina Silva (PV), que, segundo o Datafolha, está com 10% e, segundo o Ibope, com 9%, coube a um seus coordenadores de campanha, o vereador Alfredo Sirkis, comentar o resultado:

- Para nós, não muda muita coisa. A Marina tem oscilado entre 8 e 12 pontos. Ela apresenta crescimento consistente desde o final do ano passado.

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