sexta-feira, 25 de junho de 2010

Pesquisa faz Serra acelerar escolha do vice

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Um dia após o Ibope mostrar Dilma Rousseff (PT) pela primeira vez à frente de José Serra, o PSDB acelerou as articulações para escolha do vice. Líderes reclamam de desorganização na campanha.

Sob impacto do Ibope, Serra discute indicação de Patrícia Amorim para vice

PSDB não descarta outros nomes e DEM aposta na vice-presidente do partido para ocupar a vaga; nadadora de 41 anos, que foi campeã brasileira 28 vezes e preside o Clube de Regatas Flamengo, abriria espaço para o tucano junto a eleitores esportistas

Christiane Samarco / BRASÍLIA

Um dia após a divulgação da pesquisa CNI/Ibope que o mostrou pela primeira vez atrás da rival do PT, Dilma Rousseff, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, passou o dia ao telefone consultando os líderes mais influentes do partido tentando definir o vice de sua chapa. Serra discute, entre outros nomes, a escolha de Patrícia Filler Amorim para o posto.

Patrícia, de 41 anos, é ex-atleta e presidente do Clube de Regatas do Flamengo. Em telefonemas a vários interlocutores, entre os quais o ex-governador de Minas Aécio Neves e o senador Tasso Jereissati (CE), Serra diz que está recolhendo opiniões e ouvindo. Ao mesmo tempo, porém, não esconde seu entusiasmo pessoal com a possibilidade de escolha da nadadora que foi 28 vezes campeã brasileira e estabeleceu recordes nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988.

A cúpula do DEM também trabalha nos bastidores para emplacar um nome de suas fileiras na dobradinha com o tucano. Ontem, o comando de campanha de Serra e líderes de partidos aliados - como o próprio DEM - decidiram fazer uma reunião para tratar da questão do vice e discutir os rumos da campanha. O encontro foi no QG do comando da campanha, o antigo Edifício Joelma, em São Paulo, onde funciona o Diretório Municipal da legenda.

Algo novo. A vários tucanos, Serra disse que ainda estava querendo saber melhor quem é Patrícia e que também faz questão de ouvir todo mundo para tomar a decisão. Mas adiantou que ela pode ser algo novo na campanha tucana.

Antes de se tornar a primeira mulher a presidir o Flamengo, Patrícia foi eleita por três vezes vereadora pelo PSDB do Rio. Em 2008, assim como nas outras ocasiões, ela sempre defendeu a bandeira do esporte.

Embora alguns tucanos experientes ponderem que se trata de uma opção ousada e de eficácia eleitoral duvidosa, um dirigente do PSDB sustenta a tese de que o Flamengo equivale a um Bolsa-Família, com potencial para fazer com que o nome de Serra chegue a camadas mais populares do eleitorado. A aposta dos mais otimistas é que a escolha pode repercutir além das divisas do Rio, o que já não seria pouco, considerando que se trata do terceiro maior colégio eleitoral, com 10,9 milhões de eleitores.

O raciocínio nesse caso é que ter a presidente de um clube de futebol na chapa abre um espaço novo para Serra levar sua candidatura a conhecimento de quem não gosta nem acompanha o noticiário político. O tucanato acredita que ter o nome do candidato do partido no noticiário esportivo seria positivo.

Opções. Apesar de a balança tucana pender para Patrícia Amorim, até a noite outras opções do partido não estavam totalmente descartadas. Reforçando a ideia de ter uma vice mulher, a exemplo do que ocorreu em 2002, quando o PMDB entrou na chapa com a deputada Rita Camata (ES), o próprio Serra colocou o nome da senadora Marisa Serrano (PSDB-MT) como opção.

Na lista de vices tucanos também figura o nome do senador Álvaro Dias, como alternativa para fechar uma composição mais ampla com o PDT do senador Osmar Dias em um Estado importante como o Paraná. Alguns dirigentes avaliam que é preciso agregar mais votos no Sul para alargar a vantagem de Serra na região.

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), e seu antecessor Jorge Bornhausen têm insistido em fincar o pé na chapa presidencial com um vice do partido. Nos bastidores, líderes do DEM dizem que a presidente do Flamengo pode até levar 40 % da torcida do clube com ela, mas, nesse caso, o tucano poderá enfrentar a oposição de 60% dos cariocas que torcem para outros times. Eles afirmam que a escolha tem de passar pelos partidos aliados, e não pelo perfil de pessoas.

De qualquer forma, o DEM também já escalou sua lista de opções de vice para se contrapor a qualquer critério que os tucanos venham a usar como justificativa na escolha final. Para fazer frente à alternativa Patrícia Amorim, por exemplo, sugerem a vice-presidente nacional do partido, Valéria Pires Franco, 41 anos, que já foi vice-governadora do Pará.

Argumentam que ela tem boa presença na televisão - foi apresentadora do telejornal local da TV Globo - e a simpatia de 12% do eleitorado paraense. Os tucanos rebatem, dizendo que ela mesma já mandou recados de que prefere disputar uma vaga no Senado, pois tem 46% das intenções de voto para o posto, segundo pesquisas internas. No embalo dos elogios públicos feitos pelo próprio Serra, a opção nordestina do DEM para concorrer com Sérgio Guerra é o deputado José Carlos Aleluia (BA).

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