segunda-feira, 3 de maio de 2010

Serra e Dilma são esperados em encontro de ruralistas em Uberaba

DEU EM O GLOBO

Abertura de evento deve se transformar em ato contra os sem terra

Jailton de Carvalho

UBERABA (MG). Os pré-candidatos à Presidência da República José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) vão fazer hoje um teste de popularidade entre grandes criadores de gado, um dos segmentos mais organizados do eleitorado nacional. Os dois devem participar da abertura da 76ª ExpoZebu, em Uberaba, uma das principais passarelas do mundo rural brasileiro.

O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), José Olavo, não declara voto, mas a festa de abertura da feira pode se transformar num ato contra o Movimento dos Sem Terra (MST). A pedido de Olavo, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) entregará a Serra e a Dilma uma lista de reivindicações dos produtores e, entre elas, está o pedido de mais firmeza do governo federal contra o que chamam de "insegurança jurídica no campo".

Olavo elogia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas entende que nenhum teve força suficiente para conter invasões patrocinadas pelo MST. Ele reclama especialmente da versão do Plano Nacional de Direitos Humanos, lançado pelo governo federal em 2009:

- É uma barbaridade. O direito de propriedade é sagrado. Se alguém entra na sua casa, você primeiro terá que dialogar e, só depois, pedir à Justiça para tirar. Não faz sentido. Esse plano poderia ter sido melhor.

Na exposição, a ABCZ fará uma homenagem ao ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. O ministro caiu nas graças dos produtores rurais pelas críticas que fez às invasões de terra do MST, em São Paulo, e à suposta leniência do governo federal em lidar com a questão.

Os fazendeiros também vão fazer duras críticas ao Código Florestal. Para eles, o conceito de reserva legal do código tem sido uma trava ao desenvolvimento da agropecuária. Os produtores reivindicam redução do percentual de reserva legal obrigatória, sobretudo nas áreas de terras mais férteis.

- Não podemos deixar terras mais férteis, como aquelas de Ribeirão Preto, paradas. Também não se pode desmatar na Amazônia. O percentual de reserva legal teria que ser refeito - disse Olavo.

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