terça-feira, 13 de abril de 2010

'Quem foi contra teve oito anos para mudar'

DEU EM O GLOBO

Serra diz que PT teve tempo para mudar privatizações e não o fez; tucano promete não privatizar e não lotear governo

Flávio Freire e Sérgio Roxo

SÃO PAULO. Na primeira entrevista concedida depois de lançado pré-candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra disse ontem que não pretende, se eleito, adotar uma política de privatizações.

Ao mesmo tempo, o tucano criticou seus opositores por ficarem dizendo que o PSDB vai privatizar mais e defendeu a transferência de empresas estatais para a iniciativa privada na gestão do ex-presidente Fernando Henrique. Em entrevista à rádio Jovem Pan, concedida às 7h, Serra ironizou.

Quem era contra as privatizações teve oito anos para mudar tudo, e ninguém mudou nada, está certo? Se (as privatizações) fossem erradas, teriam facilmente, em oito anos, mudado isso sem problema nenhum disse Serra, que tratou de mandar recado para evitar discursos de seus adversários.

Às vezes se fala de (privatizar) Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES, mas acho que estes são instrumentos importantes na mão de um governo.

Na eleição presidencial de 2006, os ataques do PT fizeram com que o então candidato tucano, Geraldo Alckmin, assumisse o compromisso de não privatizar nada, a ponto de aparecer em público usando boné com o logo do Banco do Brasil.

Eu não faço loteamento de governo

Serra disse ainda que não vai lotear o governo caso assuma a Presidência em 2011.

Se eu ganhar, as questões de como formar o governo, alianças, vão ser vistas posteriormente.

Acho muito cedo para falar disso, mas eu faria um governo de soma no Brasil, com os setores políticos que estiverem de acordo com o nosso programa e o nosso estilo de governar. Eu não loteio, não faço loteamento de governo. Não distribuo capitânias dentro do governo. Atendo bem o Legislativo no que se refere às demandas de orçamento que têm ligação com interesses de estados e municípios.

O tucano também disse ter medo de que haja baixarias na campanha eleitoral. Com a ressalva de que acredita nas relações cordiais com Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), ele disse que os problemas podem acontecer também a partir de insinuações.

(Tenho) Temor de que tenha baixaria e esperança de que não tenha. Da minha parte, não vem. Não é meu estilo. Nunca fiz isso em campanha. E acho que, para as pessoas, é ruim. As pessoas querem ter confronto de ideias, de propostas, críticas também, mas não críticas pessoais, baixaria, baixo nível, insinuações.

Hoje, os candidatos que estão postos aí, a Dilma e a Marina, são pessoas que conheço, tenho relações cordiais e espero que se mantenha.

Dois dias depois do evento em que foi lançado pelo partido, o ex-governador de São Paulo voltou a tocar na escolha do vice.

Embora o ex-governador mineiro Aécio Neves tenha dito que estará ao lado de Serra se for convocado pela direção tucana, o pré-candidato foi cauteloso ao tratar do assunto.

As convenções serão em junho, até lá tem muita coisa para ver. O próprio governador (Aécio) tem dito que prefere ser candidato ao Senado, e sua decisão será respeitada, mas não tenho dúvidas de que vamos ter uma composição forte.

Indagado sobre a expectativa em torno do Aécio assumir essa posição, afirmou: Cada um poderá tomar suas decisões de forma bem pensada. Eu respeito a de quem quer refletir sobre qual caminho quer seguir.

Ainda sobre a política em campo mineiro, Serra ironizou a suposta tentativa de aproximação de Dilma ao pré-candidato tucano ao governo de Minas Gerais, Antonio Anastasia, num movimento chamado de Dilmasia: Parece doença de estômago, não é? Na entrevista, Serra ainda defendeu a candidatura de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, assim como disse ser favorável a mudanças na legislação penal, como forma de evitar que quem pratica crimes hediondos seja beneficiado com redução de pena, por exemplo.

Ele ainda justificou o aumento no gasto da publicidade em seu governo em 2009 por causa da propaganda da Nota Fiscal Paulista e da Lei Antifumo.

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