quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Brasil pode mais” é mote de campanha de Serra a presidente:: Jose Roberto de Toledo

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

José Serra (PSDB) se despediu do governo de São Paulo nesta quarta com um discurso no Palácio dos Bandeirantes. A frase final, tudo indica, é o mote de sua campanha presidencial: “Vamos juntos. O Brasil pode mais”. Há uma semelhança notável com o “Yes, we can” de Barack Obama, em 2008, nos EUA.

Foi, antes de mais nada, um discurso de balanço. Como era esperado, “São Paulo” foi uma das expressões mais citadas (46 vezes), na maioria das vezes no final das frases, e associada a “governo” (49 citações) e a “estado” (30). Em comparação a “Brasil” (17), “São Paulo” recebeu praticamente três vezes mais menções. O que mostra que Serra, nesse discurso, estava mais preocupado com o que acabara de fazer como governador do que com o que virá a fazer como candidato.

A “política” não ficou fora do discurso. Explicitamente, citou a palavra apenas 3 vezes, e negativamente, como em “política do ódio”. Mas, implicitamente, a política esteve presente na maioria das vezes que Serra usou a expressão “pública(o)” (26 vezes), como em “vida pública”. E foi aí que ele encaixou uma “indireta” para o presidente Lula ao dizer que “nós governamos para o povo e não para partidos”.

Além do institucional, o discurso de Serra teve uma parte pessoal. A palavra “vida”, seja no sentido de “minha vida”, de “vida pública” ou de “ao longo da vida” foi citada 36 vezes. Em muitos casos, Serra associou-a a “pessoas” (”vida das pessoas”), outra campeã de citações (23 vezes) e mais um sinal da preocupação do tucano de “humanizar” seu discurso.

O discurso foi construído para que o final apontasse para o futuro e, obviamente, para suas pretensões presidenciais, sem, contudo, explicitar isso. Serra não mencionou as palavras “eleição” nem “candidato”. Mas terminou com uma expressão que tem todo o jeito de ser seu mote de campanha:

“Até 1932, nosso Estado, em seu brasão, ostentava aquela frase em latim “não sou conduzido, conduz”. Esse era o lema de São Paulo, até a Revolução Constitucionalista de 32. Mas, desde então, a divisa mudou. A divisa passou a ser: “Pelo Brasil, façam se as grandes coisas”. É o papel, é o destino de São Paulo, construído por brasileiros de todas as partes do Brasil. E esta é também a nossa missão. Vamos juntos, o Brasil pode mais!”

“O Brasil pode mais” tenta resolver um conflito de interesses. Muitos eleitores de Serra, atuais e potenciais, avaliam bem o governo Lula. Portanto, o tucano não pode partir para o confronto direto. A ideia implícita no mote é de mudança, mas uma mudança que em vez de abandonar o passado pretende somar novas conquistas ao que já foi feito. É uma fórmula engenhosa, mas não original.

Outras campanhas já usaram fórmulas semelhantes. A de Barack Obama, em 2008, propunha “mudança” de modo também implícito com o seu “yes, we can” (sim, nós podemos). Na de Serra, em vez de “podemos”, “o Brasil pode”.

Outra coincidência é com o nome da chapa de oposição na última eleição da diretoria do Santos Futebol Clube, batizada de “O Santos pode mais”. O candidato a presidente a ser batido, Marcelo Teixeira, havia conquistado vários títulos em sua longa gestão. O mote funcionou e a chapa oposicionista venceu. Os marqueteiros de Serra conhecem a história de perto.

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