sábado, 27 de março de 2010

Um dia depois da multa do TSE, Lula faz promessa eleitoral ao lado de Dilma

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Sucessão.
Ao participar de dois eventos públicos animados com jingles e gritos de guerra de militantes e simpatizantes petistas, presidente anunciou nova versão do "Minha Casa, Minha Vida" e prometeu acabar com o déficit habitacional nos próximos anos

Leonencio Nossa

Um dia após ser multado por campanha eleitoral antecipada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou que não está preocupado com o cerco da Justiça Eleitoral. Ao lado da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ele comandou dois eventos públicos animados com jingles eleitorais e gritos de guerra de simpatizantes e militantes petistas.

Pela manhã, em Itabuna, Lula aproveitou a cerimônia de inauguração de um trecho do Gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene) para fazer promessas de governo e defender sua política social. Ele anunciou que na segunda-feira lançará nova versão do programa Minha Casa, Minha Vida, com previsão de construção de mais 2 milhões de casas populares. "Vamos acabar com o maldito déficit habitacional nos próximos anos", afirmou.

Diante de uma plateia de mais de mil pessoas, que gritava seu nome e o de Dilma, o presidente disse que em sua gestão o Nordeste passou a receber mais atenção do governo federal e o nordestino passou a ser tratado igual aos outros brasileiros. Ao comentar sobre a descoberta de petróleo na camada do pré-sal, Lula disse que isso foi resultado de investimento em pesquisas na Petrobrás. "Não pensem que a gente achou o pré-sal porque Deus é brasileiro. Embora eu acho que seja mesmo, pois quando olho um quadro vejo a cara dele e não tenho dúvida de que ele nasceu aqui no Nordeste."

"Generala".
Dilma foi o foco das atenções de autoridades e sindicalistas que discursaram na cerimônia. O governador da Bahia, Jaques Wagner, chamou-a de "generala" e o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, referindo-se ao cargo que ela ocupou na administração da estatal, tratou-a por "minha presidente".

O sindicalista João Antonio de Moraes, da Federação Única dos Petroleiros, usou o microfone para acusar o PSDB de defender a política de privatização do setor de petróleo e gás. Moraes foi encarregado de bater de forma direta no pré-candidato do PSDB à Presidência e governador de São Paulo, José Serra. O sindicalista disse que Serra e os demais tucanos defendiam privatização da Petrobrás e do Banco do Brasil. "A Nossa Caixa só não foi privatizada porque o Banco do Brasil, no governo Lula, comprou", disse, em tom exaltado.

Água. O discurso de Dilma não despertou entusiasmo na plateia. A presidenciável do PT só animou a multidão quando disse que "água é vida", recorrendo um tradicional discurso de cunho "ecológico", adotado para conter a candidatura à Presidência da senadora Marina Silva (PV-AC). A plateia aplaudiu, segundo reconheceram vereadores e prefeitos da região, pois pensava que a ministra se referia ao problema de abastecimento de água em Itabuna e Ilhéus.

Ela defendeu o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e negou que ele seja uma ficção. "Dizem por aí que o PAC é uma ficção. Não é uma ficção. O Gasene prova isso. É uma obra necessária para o País e para o sul da Bahia." Dilma destacou programas sociais como o Bolsa- Família e disse que durante a crise financeira internacional o governo conseguiu abrir novos postos de trabalho. Segundo ela, o aumento da oferta de empregos no Brasil foi o maior ocorrido "no mundo".

Depois da solenidade, a ministra desceu do palanque e fez questão de passar pela grade que separava a plateia das autoridades, para dar beijos, ser fotografada e autografar camisetas. "Olê-olê-olá, Dilma, Dilma", gritava a multidão, adaptando o mais famoso jingle das campanhas de Lula em 2002 e 2006.

À tarde, em Ilhéus, Dilma e Lula anunciaram a ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida, em Ilhéus. Prometeram 3.170 casas na cidade. E fizeram festa para anunciar o edital de uma ferrovia entre Tocantins e o litoral baiano. A obra deverá constar da nova versão do PAC 2, programa com previsões de obras para o governo do sucessor de Lula.

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