quarta-feira, 10 de março de 2010

Serra articula alianças partidárias

DEU NO VALOR ECONÔMICO

De Brasília

O governador de São Paulo, José Serra, garantiu à cúpula do PSDB que será mesmo candidato a presidente da República, mas reafirmou que ficará no cargo até o fim de março e não fará qualquer gesto público mais afirmativo da candidatura antes disso. Até lá, Serra vai se empenhar totalmente na articulação de alianças partidárias em Estados onde há problemas internos no PSDB ou entre os parceiros históricos da legenda,como Paraíba, Santa Catarina e Paraná.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), já marcou para a próxima semana a primeira reunião com os presidentes dos partidos aliados - DEM e PPS por enquanto, mas outros estão sendo esperados -para definir estratégia de campanha. "Vamos ampliar e alargar a discussão sobre o que precisamos fazer com os aliados que virão",disse. Serra, segundo ele, está ajudando na consolidação dos palanques e definição da estratégia.

A afirmação de Serra pode ter dado mais segurança à direção partidária,mas não reduziu a cobrança por uma antecipação do lançamento de sua candidatura, feita por dois aliados de peso, os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

"Esperar até o fim do mês é muito. Já está atrasado", disse Tasso ontem."Campanha tem que ter tropa, energia. Se vai passando letargia e o outro adversário está em jogo, o militante e aliados agem como torcida de time que está perdendo: vai saindo do campo".

Para o senador cearense, ex-presidente do PSDB e político ligado ao governador Aécio Neves (MG) - tucano que desistiu de disputar a Presidência da República e resiste a ser vice de Serra - a campanha presidencial, até agora, "é um jogo em que só um time joga". E completa: "E nós aqui, parados, assistindo ao jogo".

Segundo ele, tem certas questões numa campanha "que só o candidato pode resolver", como formação de alianças, orientação e cobrança de posições políticas de aliados. "É preciso haver um contraponto", afirmou Tasso,referindo-se à campanha de Dilma, já em andamento no país todo.

Tasso vive uma situação delicada no Ceará. É candidato ao Senado e o PSDB não tem concorrente ao governo do Estado. Para Tasso, a reeleição seria mais tranquila se tivesse apoio informal do governador Cid Gomes(PSB-CE), irmão do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), com quem mantém boas relações pessoais e políticas. Cid é aliado de Lula, mas, se lançasse apenas um candidato para o Senado, a outra vaga certamente seria do tucano. Cid tem compromisso com o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE),mas o PT está impondo a candidatura do ministro José Pimentel(Previdência Social).

Na opinião de Jarbas, o prazo de Serra já passou. Segundo ele, a demora no anúncio da pré-candidatura causa um dano incalculável à campanha da oposição. O pemedebista disse que o crescimento das intenções de voto da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do PT,"surpreendeu". A oposição, de acordo com o pemedebista - dissidente do seu partido e aliado de Serra - está "debilitada".

A cobrança de Jarbas tem outra motivação. Ele não gostaria de disputar o governo de Pernambuco, mas está disposto a fazê-lo apenas para ajudar a campanha de Serra no Nordeste.
O problema é que a indefinição da candidatura está deixando os aliados do PSDB e do PMDB no Estado desarticulados. Há dificuldade para formação de alianças, mobilização de prefeitos e aliados e definição de um discurso para se contrapor ao de Dilma e PT.

Para o presidente do PSDB, "não tem mais sentido" a cobrança por uma antecipação do lançamento de Serra. Afirma que, a pouco mais de 15 dias do prazo para ele sair do governo, o paulista tem mesmo que permanecer no cargo, até para poder participar das "grandes inaugurações" de sua gestão, previstas para o fim do mês.

A questão da escolha do vice-presidente na chapa de Serra, segundo Guerra, não será discutida agora. Para o dirigente tucano, a decisão"não será de uma pessoa só ou um partido". Será uma decisão coletiva, a ser tomada por PSDB e aliados (RU)

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