quarta-feira, 31 de março de 2010

Marina: PAC-2 é 'colagem de obras eleitoreiras'

DEU EM O GLOBO

Em Recife, ela critica uso eleitoral de inaugurações por Lula e Dilma e lembra que presidente já foi multado duas vezes

Letícia Lins

RECIFE. Um dia após o lançamento do PAC-2, a senadora Marina Silva(PV-AC), pré-candidata a presidente, classificou ontem o programa como uma colagem de obras com finalidade político eleitoreira. Ela disseque o PAC é uma marmita com muitas coisas requentadas. Ao lembrar que o PT, partido ao qual foi filiada, sempre reclamou muito desse tipo de conduta, Marina disse que o presidente Lula deveria dar o exemplo, para que isso não ocorresse.

Em meu entendimento, a Justiça já demonstrou que há o uso político dessas inaugurações, uma vez que o presidente já foi multado duas vezes por ter tratado a ministra Dilma Rousseff como candidata nesses eventos disse Marina, durante entrevista na sede da Federação das Indústrias de Pernambuco.

Os poderes da nação têm que cumprir a lei. É muito negativo ter, ao tempo todo, essa sensação de extrapolação do cumprimento da legislação eleitoral.

O PT sempre reclamou muito desse tipo de conduta e é lamentável que aconteça.Marina foi recebida no aeroporto dos Guararapes, em Recife, por militantes do PV que agitavam bandeiras. Hoje, ela vai a cidades da região agreste de Pernambuco, como Garanhuns e Brejo da Madre de Deus. Em Brejo, vai ao vilarejo de Fazenda Nova, onde assiste ao espetáculo sacro da Paixão de Cristo, encenado na Nova Jerusalém.

Em Recife, ela cumpriu uma agenda carregada, que incluiu palestras, visitas a entidades culturais e empresariais, e ainda a participação no seminário Pós-Cop 15, sobremudanças climáticas, onde foi aplaudida de pé, depois de fazer críticas à atuação de Dilma Rousseff, durante a COP-15, a conferência mundial, que aconteceu em Copenhague.

Marina disse que Dilma perdeu uma boa oportunidade de lutar contra a agenda suja dos países ricos, e que a atuação da ministra chegou a deixar Lula preocupado: Se o Brasil, que é um país emergente, tivesse doado US$ 1 bilhão, teria provocado um constrangimento ético nos demais, que poderiam aumentar a contribuição lembrou, referindo-se ao fato de Dilma ter se negado a contribuir com o fundo internacional de US$ 10 bilhões, proposto pela União Europeia, para financiar iniciativas que possam minorar o aquecimento global.

Ela poupou outro adversário na eleição presidencial, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Até elogiou a proposta ousada com relação às mudanças climáticas, já que o Estado de São Paulo assumiu a meta de reduzir em 20% as emissões efetivas de gases poluentes.

Em encontro com a imprensa, ela voltou a criticar o PAC: Um programa voltado para a infraestrutura há de ser algo mais abrangente. Boa parte do que vem sendo feito é colocado legitimamente por governos e prefeituras, mas muitas vezes são obras que não ligam lé com cré. Na minha região, a BR 319 é uma estrada mais de cunho político eleitoreiro do que uma necessidade.

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