segunda-feira, 8 de março de 2010

Dilma inaugura hospital no Rio construído sem verbas federais

DEU EM O GLOBO

A inauguração do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, virou um ato de campanha da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, com a presença de cinco ministros. A obra de R$ 40 milhões, no entanto, foi bancada exclusivamente pelo governo do Estado do Rio. Organizada pelo governador Sérgio Cabral e políticos da Baixada Fluminense, a festa teve bandeiras do PT e do PDT, dezenas de faixas de agradecimento e até carros de som pedindo voto para a ministra. Enquanto isso, em Copacabana, a diretora de Gás e Energia da Petrobras fez elogios a Dilma em evento da estatal.

Carona em obra alheia

Com Cabral e ministros, Dilma inaugura hospital na Baixada sem verbas federais

Cássio Bruno

Em ritmo de campanha, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência, inaugurou ontem, no Rio, o Hospital da Mulher Heloneida Stuart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Em festa preparada pelo governador Sérgio Cabral e ao lado de cinco ministrose dezenas de deputados, prefeitos e vereadores, ela foi a personagem principal da apresentação de uma unidade de saúde orçada em R$40 milhões, mas sem ter sequer um centavo do governo federal, e que só será aberta ao público de fato em três semanas. O evento pareceu um palanque eleitoral. Militantes do PT e do PDT, carros de som fornecidos pela prefeitura de Mesquita, de onde se pediam votos para a ministra e até distribuição de lanches aos moradores fizeram parte do pano de fundo da visita da petista ao estado.

A solenidade foi palco ainda para as promessas: o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, anunciou a construção de sete Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e mais um hospital da mulher na Baixada. No discurso, Dilma lembrou programas do governo Lula, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, e falou que "a mudança é para ficar": - Nós, mulheres, também sabemos de uma outra coisa que está nas nossas mãos, que é o futuro do nosso país. Nós temos que construir. Não vamos deixar que as coisas deem um passo e voltem atrás. Nós inauguramos uma época que tem duas características. Essa transformação que vocês estão vendo aqui no Rio. A segunda é uma palavra fundamental, que cada um de nós, homens e mulheres, somos responsáveis por ela: é a esperança que temos em nossos corações. O nosso país mudou e essa mudança é para ficar - disse ela.

Na véspera de comemorar o Dia Internacional da Mulher, a ministra falou sobre a importância do hospital:

- Estamos avançando muito. Esse hospital é um avanço. É um lugar humano. Tem até manicure e maquiadora. Quando a gente dá a luz, ficamos gordinhas. Não custa nada sair do hospital mais bonitinha.

Presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, foi direto:

- Assim como o povo americano elegeu (o presidente Barack) Obama, elegeu um negro, e nós votamos aqui a lei de cotas (raciais), é um claro sinal de que o Brasil está preparado para ser governado por uma mulher.

"Nas urnas, não esqueçam: é Dilma"

Cabral, pré-candidato à reeleição, atacou Anthony Garotinho, que disputará o governo pelo PR. As obras foram iniciadas pelo ex-governador.

- Essa mulher (Dilma) comanda o processo de transformação do Brasil como nunca se viu antes. Estou realizando um sonho que muita gente achava impossível. Este prédio estava abandonado. Há quantos anos? Há muitos anos. Deu até dengue - disse o governador, que cantou a música "Maria, Maria" para a ministra.

No palanque estavam os ministros José Gomes Temporão (Saúde), Carlos Lupi (Trabalho e Emprego) e Nilcéa Freire (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres), que moram no Rio, além de Márcio Fortes (Cidades) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). O diretor do hospital, Carlos Eduardo Coelho, confirmou que não há recursos federais na unidade. Côrtes tentou explicar:

- Porque toda essa verba (R$40 milhões) é do governo do estado? A resposta é muito fácil: o investimento que o ministro Temporão e o presidente Lula vêm fazendo em outras áreas da saúde possibilitou que o governador Sérgio Cabral pudesse direcionar todos os recursos do estado para esse hospital.

Integrantes de ONGs pediam votos para Dilma em carros de som.

- Mulher vota em mulher. Nas urnas, não se esqueçam: é Dilma - pedia Célia Marques, integrante da ONG Centro de Atividades para Idosos.

Aos gritos de "Olê, olê, olá. Dilma, Dilma", militantes carregavam bandeiras do PT e do PDT.

Nenhum fiscal do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) estava presente no evento.

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