domingo, 21 de fevereiro de 2010

Lula intervém e Temer vai a congresso

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Peemedebista cotado para vice ameaçava não aparecer devido a dificuldades em alianças entre PT e PMDB nos Estados

Presidente do PMDB decidiu comparecer após Lula dizer que entrará pessoalmente nas negociações estaduais para resolver indefinições

Da Sucursal de Brasília

A presença do PMDB e do próprio presidente do partido e da Câmara, Michel Temer (SP) -cotado para vice na chapa do PT-, no pré-lançamento da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, só foi decidida na última hora e precisou da intervenção do presidente Lula.

Até o último momento, Temer dizia que não tinha a intenção de comparecer. Ele e a cúpula peemedebista alegavam dificuldades diante da indefinição de alianças entre PT e PMDB em alguns Estados, como Minas Gerais, Bahia e Pará. Além disso, havia o temor de serem vaiados.

No final, Temer acabou sendo aplaudido, com vaias residuais, mas dois outros peemedebistas não apareceram: o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, recém-filiado e também cotado para vice de Dilma, e o presidente do Senado, José Sarney (AP), um dos líderes nacionais do PMDB e que passou 2009 às voltas com suspeitas e acusações.

No final do evento, Dilma disse que achou boa a "presença deles". "Acho que o Brasil precisa de governo de coalizão. Sem um governo de coalizão, um partido pode achar que vai governar sozinho. Não acho desejável para o Brasil que haja um governo de um só partido."

A ida do PMDB só foi acertada na noite de anteontem, quando Temer e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), foram ao Palácio da Alvorada conversar com o presidente Lula.

Lá, ficou acertado que o presidente entrará pessoalmente nas negociações para resolver ou promover acerto de procedimentos em Estados onde PT e PMDB divergem sobre as candidaturas ao governo.

Entre os peemedebistas presentes, estava o deputado federal Eduardo Cunha (RJ), que em 2007 foi acusado de negociar cargos no governo em troca de parecer favorável ao projeto de prorrogação da CPMF (o "imposto" do cheque).

Também compareceram, e foram anunciados para a mesa principal, os ministros Edson Lobão (Minas e Energia) e Hélio Costa (Comunicações) -este um dos que vive um confronto com o PT em Minas.

Os peemedebistas chegaram a aventar a possibilidade de os ministros e líderes do partido irem ao congresso petista, mas não Temer. Ele acabou decidindo ir, subiu ao palco logo depois do presidente Lula e sentou ao lado de Dilma.

Antes do encontro com Lula, os peemedebistas tentaram se reunir na sexta com Dilma para tratar da ida ao congresso e tentar encaminhar soluções para os palanques estaduais. O encontro não aconteceu porque Dilma alegou que precisava finalizar o discurso a ser lido ontem no evento.

Após conversa com Lula, os petistas informaram ontem pela manhã, com ar de alívio, que os peemedebistas, Temer à frente, não só confirmaram presença como já haviam chegado ao congresso.

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