sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Dissidente cubano é sepultado com forte esquema de segurança

REUTERS

HAVANA - O dissidente cubano Orlando Zapata, que morreu nesta semana após uma greve de fome de 85 dias, foi sepultado nesta quinta-feira sob um céu cinzento em sua cidade natal no leste de Cuba, em meio a uma forte operação de segurança, disse sua mãe.

O falecimento de Zapata deflagrou críticas internacionais sobre a situação dos direitos humanos em Cuba, tanto de inimigos, como Estados Unidos, quanto de países amigos, como Espanha.

O presidente Raúl Castro disse que lamentava a morte dele, mas responsabilizou os Estados Unidos pelo falecimento, a quem acusa de financiar os dissidentes.

Reina Tamayo, mãe de Zapata, disse à Reuters que mais de 100 pessoas despediram-se do féretro no cemitério de Banes, povoado cerca de 850 quilômetros a leste de Havana.

"Fomos custodiados, mas lhes demonstramos que meu filho seguirá vivendo dentro de nós. Não temos medo deles", disse por telefone.

Segundo a mulher, policiais rondaram durante toda a noite sua casa em Banes, onde foi velado o corpo do filho, um encanador de 42 anos, que estava preso desde 2003.

As forças de segurança impediram que mais pessoas participassem do funeral, onde alguns gritaram "Zapata vive", disse Tamayo.

"Penso que, com o falecimento de Orlando Zapata, a oposição interna ganhe mais força, ganhe mais valor e intensifique seu trabalho pacífico frente o regime", disse a mãe.

Oposicionistas disseram que Banes, uma pacata cidade de 80 mil habitantes que fica nas proximidades de onde nasceram Fidel e Raúl Castro, estava sob "estado de sítio" e alguns dissidentes tiveram que se disfarçar para escapar dos controles policiais e chegar à casa de Tamayo.

Zapata morreu na terça-feira em um hospital de Havana, para onde foi transferido com urgência de uma prisão de segurança máxima, local onde realizava uma greve de fome num protesto por melhores condições de prisão.

Ele é o primeiro preso político a morrer durante uma greve de fome em Cuba desde 1972.

EUA, a Comissão Europeia e a Espanha, governo próximo a Cuba, pediram a libertação dos 200 presos políticos que, segundo grupos de direitos humanos, estão nos cárceres da ilha.

A Anistia Internacional pediu uma investigação sobre as circunstâncias da morte do dissidente.

Cuba considera os opositores, como Zapata, mercenários recrutados pelos EUA para destruir o sistema socialista do país.

(Reportagem de Esteban Israel e Nelson Acosta)

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