domingo, 3 de janeiro de 2010

Silvio Tendler vai filmar a vida de Sarney, mas sem "perguntas inconvenientes"

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Rodrigo Vizeu
Da Agência Folha


O presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP), 79, deu sinal verde para o início da produção de um documentário sobre a sua vida.

O filme será dirigido pelo cineasta Silvio Tendler, que já levou às telas as biografias dos presidentes Juscelino Kubitschek (1956-1961) e João Goulart (1961-1964). Para Tendler, será "inevitável" abordar temas espinhosos da biografia do senador, mas não há intenção de acuar o entrevistado.

"Não vou fazer perguntas inconvenientes. O cinema não é obrigado a tocar nessas questões conjunturais, porque são passageiras", afirmou Tendler, que, ao mesmo tempo, promete não ser "chapa-branca" no filme. "Não é para encobrir, é para revelar", disse ele.

A Folha apurou que Sarney pediu ao cineasta, há cerca de um mês, que levasse sua história aos cinemas. A conversa ocorreu durante a gravação do depoimento do senador para o documentário que Tendler está fazendo sobre o presidente Tancredo Neves (1910-1985). Sarney -retratado em outro documentário, de 1966, por Glauber Rocha -insistiu no projeto nas últimas semanas.

Tanto o diretor quanto a assessoria do senador negam que a ideia tenha partido de Sarney.

"Estou querendo mapear a política brasileira sem preconceitos", disse o diretor.Tendler afirmou que ideologicamente se alinha mais a JK, mas que respeita Sarney.

"Fiquei fascinado com as coisas que ele sabe. É o político mais antigo do país. Vem do Maranhão e vira presidente. Em Brasília, vai conviver com reis, rainhas e presidentes", disse o diretor. Tendler disse que não vê problema em recorrer a financiamento público para fazer o documentário: "Vou entrar nos editais".

Sobre eventuais críticas a Sarney no filme, a assessoria do senador disse que as decisões cabem a Tendler, mas disse que, "se for para fazer chapa-branca, o presidente não está interessado, porque é um tiro no pé". A assessoria ressaltou, porém, que a história de Sarney tem um "saldo positivo" que "boa parte dos brasileiros não conhece".

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