terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Exportação brasileira tem maior queda em seis décadas

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Desempenho faz com que saldo comercial em 2009 seja o pior em sete anos

O impacto da crise financeira no comércio mundial derrubou as exportações brasileiras em 2009.

As vendas externas mostraram o maior recuo em um único ano desde 1950, início da série histórica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. As exportações recuaram 22,2% em relação a 2008, o que levou a balança comercial a um saldo de US$ 24,61 bilhões, o menor em sete anos. Afetadas pela redução das vendas de produtos manufaturados, as exportações somaram US$152,25 bilhões - abaixados US$160 bilhões projetados pelo governo.

Anteriormente, a maior queda das exportações fora registrada em 1952: 19,8%. O recuado superávit comercial em 2009 só não foi maior porque o País importou menos.

Balança comercial fecha 2009 com o pior saldo em sete anos

Com a crise, as exportações brasileiras sofreram maior queda porcentual desde 1950

Adriana Fernandes


BRASÍLIA - O impacto negativo da crise no comércio mundial derrubou as exportações brasileiras, que mostraram em 2009 o maior recuo em um único ano desde 1950, quando tem início a série histórica do Ministério do Desenvolvimento. As exportações recuaram 22,2% em relação a 2008, o que levou a balança a apresentar o menor saldo em sete anos: US$ 24,61 bilhões. Em dezembro, o superávit foi de US$ 1,43 bilhão.

As exportações somaram US$ 152,25 bilhões, abaixo dos US$ 160 bilhões projetados pelo governo. Até agora, a maior queda das exportações tinha sido registrada em 1952 ? 19,8%. O recuo do superávit comercial em 2009 só não foi maior porque o Brasil também importou menos com a retração da atividade. As compras de produtos fabricados no exterior fecharam o ano em R$ 127,63 bilhões, uma queda de 25,3%.

O resultado dessa combinação de fatores negativos foi a diminuição em 23,6% da corrente de comércio do Brasil, indicador que mostra a soma das exportações com as importações e representa o grau de internacionalização da economia. Em 2008, a corrente de comércio cresceu 31,95%. De 2006 ? ano em que a balança apresentou o maior superávit da história, US$ 46,45 bilhões ? até 2009, o saldo positivo caiu R$ 21,8 bilhões. Um recuo de 47%.

Grande compradora de produtos como soja e minério de ferro, a China assumiu no ano passado o posto de maior mercado de produtos do Brasil no lugar dos Estados Unidos. Com isso, a participação dos manufaturados na pauta de exportações, que já chegou a representar mais de 50%, caiu para 43,7% em 2009. Já a participação dos básicos subiu de 36,9% para 40,7%.

"É preocupante a queda dos manufaturados", salientou o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral. Os embarques desses produtos em 2009 recuaram 27,3% em relação a 2008, bem mais do que os 14,1% de queda nas vendas dos básicos e de 23,4% de semimanufaturados. Apesar do recuo de preços das principais commodities, a quantidade vendida de básicos aumentou.

Barral avaliou que a queda das exportações de manufaturados é ruim porque esses produtos geram mais renda e emprego. A recuperação, segundo ele, vai depender da retomada da global e do nível de competitividade do Brasil. O secretário estimou que, em 2010, as exportações crescerão 10%, para US$ 168 bilhões.

Nas importações, as compras de bens de capital caíram 16,4% em 2009. Barral destacou como positivo o aumento de 20,8% para 23,3% da fatia desses produtos nas importações, sinal de que, apesar da crise, a economia manteve parte dos investimentos. As compras externas de produtos intermediários caíram 46,1%. Nos bens de consumo, o recuo foi bem menor, de 3,4%. As importações de automóveis, por exemplo, subiram 3,5% em 2009.

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