sábado, 19 de dezembro de 2009

PSDB lança ofensiva para convencer Aécio a ser vice

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Resultados de 2002 e 2006 mostram dependência do governador mineiro na campanha

Tucanos querem reeditar política do café com leite para contrapor provável domínio da candidatura petista no Norte e Nordeste


Fernando Barros de Mello
Da Reportagem Local
Breno Costa
Da Agência Folha, em Belo Horizonte

Um dia após o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), desistir da sua pré-candidatura à Presidência, os tucanos já lançaram uma ofensiva para tentar convencê-lo a aceitar a vaga de vice na chapa encabeçada pelo governador José Serra (SP) ou, na pior das hipóteses, a se engajar numa eventual candidatura Serra.

Até agora, Aécio dá indicações de que deve se candidatar ao Senado. Mas os resultados das duas últimas eleições presidenciais indicam que seu engajamento será fundamental em uma eventual campanha presidencial de Serra. Os números farão parte da estratégia de convencimento a Aécio.

Em 2002, Serra era o candidato do PSDB ao Planalto. No primeiro turno, ele teve em Minas cerca de 3 milhões de votos a menos do que Aécio em sua campanha vitoriosa ao governo do Estado.

Naquela campanha, Aécio deu um apoio desapaixonado a Serra -exatamente o temor atual dos serristas.

Aproximadamente a mesma diferença ocorreu em 2006, quando o candidato tucano era Geraldo Alckmin. Também com um engajamento tímido de Aécio, o paulista teve 3,3 milhões de votos a menos que o colega de partido.

A estratégia é uma espécie de política do café com leite, como ficou conhecido o predomínio de São Paulo e Minas na política do início do século passado. O partido sonha em abrir boa vantagem de votos nos dois Estados para minimizar a provável força que a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) deverá exibir no Norte e no Nordeste.

"Nossos governadores são bem avaliados. A firme união de Minas e São Paulo pode nos proporcionar 21 milhões de votos nesses dois Estados", diz o líder do PSDB na Câmara federal, José Anibal.

Para o líder do governo Serra na Assembleia paulista, Vaz de Lima (PSDB), o "governador Aécio é uma liderança politica e administrativa capaz de exercer qualquer cargo e será peça fundamental para que o PSDB reconquiste a Presidência".

Eleitorado

Secretário estadual de Serra e aliado antigo de Aécio, Geraldo Alckmin afirmou ter visto o gesto do governador de Minas "como mais uma manifestação em prol da unidade do PSDB".

Os tucanos lembram que Lula conseguiu ampla vantagem em Estados com menos eleitores. Só no Amazonas, por exemplo, ele teve 899 mil votos a mais que Alckmin em 2006.

Juntos, São Paulo e Minas têm 33% do eleitorado brasileiro. Os cálculos esbarram em um teto histórico. A maior votação em Minas de um tucano foi obtida por Fernando Henrique Cardoso em 1994: 4,5 milhões de votos.

Mas, apesar de ter sido derrotado pelo presidente Lula em Minas tanto na eleição de 2002 quanto na de 2006, o PSDB ganhou 2 milhões de votos no Estado entre os dois pleitos.

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