terça-feira, 8 de dezembro de 2009

PMDB se retira do governo do DF e amplia isolamento político de Arruda

DEU EM O GLOBO

OAB apresenta 11º pedido de impeachment, extensivo ao vice-governador

Isabel Braga e Luiza Damé

Corrupção documentada: Filippelli diz que se esgotaram todas as alternativas

BRASÍLIA. O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, sofreu ontem mais uma derrota política importante, juntamente na semana decisiva para suas pretensões de não ser expulso do DEM. Arruda perdeu o apoio do maior partido aliado, o PMDB, que decidiu sair do governo e determinou que todos os seus filiados deixem cargos na administração do Distrito Federal.

Mesmo com a decisão do PMDB, Arruda dificilmente perderá o apoio dos três deputados distritais do partido. Dois deles foram flagrados nos vídeos em poder da Polícia Federal: Eurides Brito, que aparece recebendo dinheiro de Durval Barbosa, e Benício Tavares. Arruda atua para consolidar sua base de apoio e retomar o controle da Câmara Legislativa, reforçando, assim, sua estratégia para preservar-se no cargo.

No início do ano, o PMDB rompeu com o seu principal líder no DF, o ex-governador e exsenador Joaquim Roriz, para aliar-se a Arruda. O partido ocupa três cargos de primeiro escalão: a Administração do Plano Piloto (Ivelise Longhi), a presidência da Codeplan (Rogério Rosso) e a presidência da Novacap (Luiz Pietschmann).

Após a direção regional aprovar o fim da aliança com Arruda, o presidente regional do partido, deputado federal Tadeu Filippelli, disse em nota que esgotaramse “todas as alternativas de continuar contribuindo com o atual governo, não restando outra opção senão determinar a todos os seus quadros que se encontram na atual administração a entrega dos cargos”.

Mesmo perdendo apoio no governo, Arruda tenta garantir o apoio de seus aliados no Legislativo.

Ontem, demitiu dois secretários para que reassumissem seus mandatos de deputados distritais pelo DEM. A ideia é pôr gente de confiança na Comissão de Constituição e Justiça, por onde passarão os pedidos de impeachment.

Ontem, a Câmara Legislativa recebeu o 11º pedido de impeachment, protocolado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que também apresentou o pedido semelhante contra o vice-governador, Paulo Octávio (DEM). Além do presidente nacional da OAB, Cezar Britto, participaram da entrega do pedido outros dez presidentes de regionais da entidade. No caso de Paulo Octávio, a OAB anexou entendimentos jurídicos que sustentam o pedido, já que outros foram rejeitados pela Procuradoria da Câmara sob o argumento de que a lei não prevê o impedimento de vices por crime de responsabilidade.

— A Câmara não pode fazer uma leitura literal da lei. O vice também é responsável. Se não acatarem, vamos recorrer à Justiça — disse a presidente da OAB-DF, Estefânia Viveiros.

Além do controle da CCJ, Arruda quer recuperar a presidência da Câmara, que está nas mãos do petista Cabo Patrício.

Na noite de domingo, Arruda se reuniu com Prudente e com Paulo Octávio até altas horas, na residência oficial de Águas Claras.

Ele pressionou Prudente a renunciar ao cargo, para que seja realizada nova eleição. Mas o deputado resistiu e se recolheu com a família em Goiás.

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