quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Morte na Colômbia causa comoção

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

ONU diz que assassinato de governador é "crime de guerra"

Ruth Costas com AP

Diversos países, ONGs e organizações internacionais repudiaram ontem o assassinato atribuído às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) do governador Luis Francisco Cuéllar, do Departamento (Estado) de Caquetá. O crime foi condenado por Brasil, EUA, União Europeia, Organização dos Estados Americanos (OEA) e ONU. "Para o direito internacional humanitário, tomar reféns é crime de guerra e a morte do governador confere extrema gravidade à prática recorrente dessa infração por esse grupo guerrilheiro", diz o comunicado da ONU em Bogotá, que exorta as Farc a soltar seus reféns.

"Esta atrocidade e barbárie merece o rechaço da comunidade internacional, que apoia os esforços para a paz da Colômbia", disse o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza. Também se pronunciaram as ONGs Anistia Internacional e a Human Rights Watch.

Para o cientista político Pedro Medellín, a estratégia da guerrilha é contraditória. "Ela continua a reivindicar apoio internacional para seu projeto de ser reconhecida como um grupo beligerante, mas parece não entender que degolar um governador simplesmente para demonstrar força não é uma boa estratégia para conseguir isso", disse Medellín ao Estado.

Em entrevista ao jornal colombiano El Tiempo, Alfredo Rangel, da Fundação Segurança e Democracia, disse que o governo pode ter subestimado os resultados de sua política de segurança. "Eles baixaram a guarda por excesso de confiança", disse Rangel. Nos Departamentos de Caquetá, Nariño e Meta, as operações de segurança foram reduzidas em 30%.

Os analistas destacam a capacidade, comprovada historicamente, de as Farc se recuperarem após derrotas. O próprio movimento que deu origem à guerrilha nasceu em 1964, quando o Exército desmantelou um assentamento de camponeses e guerrilheiros na localidade de Marquetália.

Nos anos 80, novo golpe. Os guerrilheiros aderiram ao processo de paz do presidente Belisario Betancur (1982-1986) e formaram o partido União Patriótica. Nos anos seguintes, 3 mil políticos do grupo foram mortos por paramilitares.

Hoje, a capacidade de recuperação, segundo Medellín, deve-se à vantagem estratégica oferecida pela geografia da Colômbia e aos recursos do narcotráfico.

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