domingo, 20 de dezembro de 2009

Ministra tem dificuldade com eleitores pró-governo

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

José Roberto de Toledo

Mesmo após sua candidatura ter sido lançada extraoficialmente pelo programa do PT no horário gratuito de TV, Dilma Rousseff patina eleitoralmente. Aparentemente, não avança nem entre aqueles que, em tese, estariam mais propensos a votar nela.

Segundo a pesquisa Vox Populi/IstoÉ, só 1 em cada 4 dos que avaliam o governo Lula como "ótimo" ou "bom" pretende votar em Dilma. Ao mesmo tempo, uma fatia maior declara voto no principal candidato da oposição, José Serra (PSDB): 36%.

Esse porcentual é idêntico ao obtido nesse segmento pelo tucano duas semanas antes, na pesquisa CNI/Ibope. Do mesmo modo, os 24% de intenção de voto de Dilma entre os pró-governo na pesquisa Vox Populi estão muito próximos aos 21% registrados no fim de novembro pelo Ibope. Considerada a margem de erro, são estatisticamente equivalentes.

Por que, então, a popularidade de Dilma não acompanha a do governo? Algumas hipóteses.

Em primeiro lugar, a maioria ainda não está preocupada com a eleição de 2010. Metade dos eleitores não sabe indicar um candidato espontaneamente. Outros 15% dizem "Lula" (que é inelegível) e 9% preferem anular ou votar em branco. Ou seja, em dezembro, assim como era em novembro, só 1 em cada 4 eleitores tem seu presidenciável na ponta da língua.

Há também um problema de comunicação: 45% do eleitorado desconhecem que Dilma é a candidata apoiada por Lula. Segundo o Vox Populi, a maioria desses eleitores que não associam a ministra a seu chefe é formada por pessoas de baixa renda e baixa escolaridade, justamente os principais beneficiários dos programas assistenciais do governo.

Para completar, Dilma enfrenta resistência maior em alguns estratos do eleitorado: aqueles com nível superior, os de maior renda e os moradores do Sul do País. São os segmentos onde ela tem alto grau de conhecimento e baixa intenção de voto e/ou rejeição acima da média.

Até agora, nada menos do que 92% da intenção de voto na ministra vêm daqueles que consideram o governo "bom" ou "ótimo". Ou seja, suas chances de vencer dependem exclusivamente dos pró-Lula. É neles que a ministra vai precisar focar seus esforços. Eles serão o termômetro da eleição 2010.

* É jornalista especializado em reportagens com uso de estatísticas e coordenador da Abraji

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