quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Mensalão do DEM: agora PT pede impeachment

DEU EM O GLOBO

Leitura de seis pedidos, feita no plenário da Câmara Legislativa, é o primeiro passo para iniciar o processo

Demétrio Weber

BRASÍLIA. Seis pedidos de impeachment já foram protocolados na Câmara Legislativa do Distrito Federal contra o governador José Roberto Arruda (DEM) e o vice Paulo Octávio (DEM). Após a leitura em plenário ontem, o presidente em exercício, deputado distrital Cabo Patrício (PT), deu prazo de 24 horas para que a Procuradoria Geral da Casa emita parecer técnico sobre as solicitações. Desta vez, o PT, que no seu próprio mensalão, em 2005, fez de tudo para evitar as investigações no Congresso, é um dos autores dos pedidos de impeachment.

A leitura dos pedidos é o primeiro passo para dar início ao processo que, em tese, pode levar ao impeachment de Arruda. O problema, do ponto de vista da oposição, é que a bancada governista tem folgada maioria. Até a semana passada, os oposicionistas somavam apenas seis deputados, os mesmos que compareceram ontem para dar quórum e permitir a leitura dos pedidos de impeachment.

A abertura de processo em plenário contra o governador requer 16 votos. Antes disso, porém, o pedido deve ser apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O presidente da CCJ, deputado Rogério Ulysses (PSB), no entanto, é um dos oito parlamentares citados no inquérito do mensalão do DEM. Ele pediu licença do cargo anteontem e um novo presidente deverá ser escolhido.

Composta por cinco parlamentares, cabe à CCJ aprovar a admissibilidade de um pedido de impeachment por, no mínimo, três votos. O único deputado de oposição na CCJ é Chico Leite (PT). O passo seguinte à CCJ é o plenário.

Processo é novidade para deputados distritais Ontem o deputado Paulo Tadeu (PT) disse que o trâmite legal de um pedido de impeachment é novidade na Câmara: — O processo de impeachment é novidade para nós. Estamos construindo a partir da experiência do Congresso.

O presidente em exercício, Cabo Patrício (PT), procurou demonstrar otimismo sobre eventual cassação de Arruda: — Com certeza, é possível.

O voto em plenário é aberto.

Na mesma linha, o deputado Leite aposta na pressão da sociedade e acha possível que a oposição a Arruda cresça: — A matemática da política não é a mesma da aritmética — disse Leite.

Os autores dos seis pedidos de impeachment são o PT, o PSOL, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Ordem dos Ministros Evangélicos do Gama — cidade-satélite de Brasília — e dois advogados da capital: Evilásio Viana Santos e Anderson de Melo Silva.

A oposição a Arruda conta com os quatro parlamentares do PT — Chico Leite, Cabo Patrício, Paulo Tadeu e Érika Kokay —, José Antônio Reguffe (PDT) e Jaqueline Roriz (PMN), filha do ex-governador e pré-candidato à sucessão de Arruda Joaquim Roriz (PMN).

Autor da proposta de criação de uma CPI, Reguffe disse que a Câmara Legislativa não pode titubear na investigação: — Do contrário, eu vou dar razão a uma parcela grande da população de Brasília que diz que a existência da Câmara não é necessária — declarou Reguffe.

— Há um claro desvio de dinheiro público. Isso não pode ficar sem punição rigorosa.

Arruda se reuniu ontem com deputados distritais da base governista. Hoje, a Câmara deve eleger novo corregedor, que substituirá provisoriamente o deputado Júnior Br unelli (PSC), que aparece em vídeo conduzindo oração para o então presidente da Codeplan, Durval Barbosa. Brunelli está de licença médica

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