sábado, 26 de dezembro de 2009

Clima de 'salto alto' em torno de Dilma provoca apreensão na cúpula do PT

DEU EM O GLOBO

Preocupação com declarações de Lula e desempenho de Dilma em Copenhague

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Com o clima de otimismo exagerado que tomou conta do governo Lula e de setores do PT, a cúpula do partido e articuladores políticos começam a manifestar preocupação com a síndrome do “salto alto”, que pode trazer prejuízos eleitorais para a campanha presidencial da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A orientação que deve prevalecer nas próximas semanas é a de não confundir a popularidade elevada do presidente com o desafio de tentar eleger Dilma em 2010.

De forma reservada, integrantes da coordenação de campanha de Dilma não escondem a apreensão com o clima de “já ganhou” instalado em setores do governo.

“Popularidade de Lula não basta”, diz Vaccarezza O clima de euforia foi motivado principalmente por três fatores: o crescimento de Dilma nas pesquisas de intenção de votos; a projeção de crescimento da economia de até 6% em 2010; e o avanço de programas sociais e de infraestrutura, como o PAC.

Apesar dos fatores positivos, integrantes da cúpula do PT alertam que o candidato tucano ainda lidera as pesquisas e que é preciso trabalhar a candidatura petista: — Precisamos ter cuidado com o salto alto. Não podemos ir para o já ganhou. A popularidade do presidente Lula não basta.

É preciso fazer política — alertou o líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP).

Pouco antes do recesso parlamentar, numa reunião entre integrantes da coordenação de campanha de Dilma, houve consenso de que era preciso atenção redobrada para evitar erros desnecessários.

Entre os erros cometidos recentemente foram listadas as afirmações de Lula de que o PMDB deveria enviar uma lista tríplice para a escolha do candidato a vice e a de que “dois Tostões” numa mesma seleção não garantem vitória, numa referência à chapa puro-sangue tucana.

Também foi citado o desempenho de Dilma em Copenhague.

Apesar do crescimento da ministra nesta reta final do ano — de 17% para 23% das intenções de voto na última pesquisa do instituto Datafolha —, a avaliação no núcleo de campanha é a de que a ministra precisa chegar a 30% nas pesquisas até março.

Dilma ficará próxima de Lula o maior tempo possível Esse é o patamar previsto para poder atrair por gravidade partidos aliados, como PP e PR, além do próprio PMDB, que tem demonstrado desconforto com a pré-aliança fechada com o PT.

Para isso, a estratégia é colar Dilma a Lula até abril, prazo de desincompatibilização eleitoral.

— Até a saída da ministra Dilma haverá muitos anúncios de ações do governo, e ela estará muito próxima de Lula — defende o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha

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