sábado, 26 de dezembro de 2009

Brasília-DF :: Luiz Carlos Azedo

DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

Os sertões

A iniquidade social no Brasil profundo espantou os paulistas quando Euclides da Cunha, correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, em memorável série de reportagens que deu origem ao livro “Os Sertões”, relatou a carnificina que foi a Guerra de Canudos (1896 a 1897), no interior da Bahia. Liderados por Antônio Conselheiro, 20 mil sertanejos tomados pelo misticismo, mas também pela revolta contra o abandono e a exclusão, enfrentaram quatro expedições do Exército, que somente na sua quarta campanha conseguiu arrasar o arraial. Cinco mil soldados morreram.
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Quase três décadas depois, “Os Sertões” foi o livro de cabeceira do capitão do Exército Luiz Carlos Prestes na longa marcha de 24 mil quilômetros da coluna rebelde que leva o seu nome e o do general Miguel Costa. Durante dois anos e meio (1925 a 1927), jovens oficiais percorreram o interior do país sem grande apoio popular e com forte oposição dos coronéis nordestinos e seus jagunços. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não leu o livro de Euclides da Cunha, um tratado de história, geografia e sociologia, mas, com suas políticas sociais, conseguiu interpretar o Nordeste como nenhum outro político brasileiro. A prova disso é o seu prestígio entre os eleitores da região e os políticos nordestinos aliados do governo. --> --> --> -->

Teto// O programa Minha Casa, Minha Vida não deslanchou. A meta é chegar a 1 milhão de moradias no fim de 2010, segundo o ministro das Cidades, Márcio Fortes. O maior problema para execução do programa é a burocracia da Caixa Econômica federal (CEF).

Pernambuco

Segundo governador melhor avaliado do país, Eduardo Campos (foto), do PSB, aparece nas pesquisas de opinião com ampla vantagem em relação aos seus adversários. Venceria a eleição no primeiro turno contra o ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), outro político de grande prestígio. Mesmo que o PT lance candidato o ex-ministro da Saúde Humberto Costa ou o ex-prefeito do Recife João Paulo. O prestígio de Campos, porém, é um problema para a transferência de votos do presidente Lula a sua candidata, Dilma Rousseff(PT). O governador de Pernambuco não precisa da licença de Lula para manter seu apoio à candidatura de Ciro Gomes (PSB).

Ceará

Situação muito semelhante ocorre no Ceará, onde Cid Gomes (PSB) é muito bem avaliado nas pesquisas. Irmão de Ciro, o governador cearense teria como principal adversário o senador tucano Tasso Jereissati, um aliado histórico do clã dos Gomes. Nas eleições passadas, Tasso se opôs à reeleição do ex-governador Lúcio Alcântara, que por isso deixou o PSDB, e apoiou Cid Gomes. É incerto que garanta um palanque robusto para o governador tucano José Serra. Isso facilita a vida de Dilma? Não, por causa da candidatura de Ciro à Presidência.

Bahia

Caso espetacular é o da Bahia. O governador petista Jaques Wagner (foto) também aparece bem avaliado. Seu principal adversário é o ex-governador Paulo Souto (DEM), mas seu grande desafeto é ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), que se lançou candidato ao governo. Ambos apoiam a candidatura de Dilma Rousseff (PT), enquanto Souto garante o palanque de Serra. Qual o problema? Wagner não aceita a existência de dois palanques governistas. Se Dilma prestigiar Geddel porque é da base, o petista abrirá o seu palanque para Ciro Gomes (PSB) e sua amiga Marina Silva (PV).

Minas

Mais pedregosos são os caminhos de Minas. O governador Aécio Neves (PSDB) faz o governo melhor avaliado do país e pretende eleger seu sucessor o vice-governador Antônio Anastasia, um técnico tucano muito competente. A disputa mineira, porém, tem três pesos pesados da base governista: o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB); o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT); e o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT). Lula gostaria de atrair Costa para a vice de Dilma e abrir caminho para uma chapa Patrus, governador; Pimentel e o vice-presidente José Alencar, candidatos ao Senado. A fórmula parece impossível.

Vexame

O Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, foi o recordista de atrasos no Natal. Segundo números divulgados pela Infraero, de 93 voos que decolaram da capital federal até as 15h de ontem, 28 (30,1%) saíram com atraso superior a 30 minutos. Nos 49 aeroportos administrados pela empresa, apenas 6,6% dos voos partiram fora do horário, de um total de 1.355 decolagens

Aliado/ O senador Pedro Simon (PMDB-RS), em dura nota, endossou as críticas do ministro da Justiça, Tarso Genro, à decisão do ministro Arnaldo Esteves Lima, do Superior Tribunal de Justiça, que suspendeu os processos da Operação Satiagraha da Polícia Federal.

Rédeas/ O governador José Serra mandou os desafetos do ex-governador Geraldo Alckmin dentro do PSDB paulista baixarem a bola. Não quer confusão na própria retaguarda.

Panetones/ Ladrões arrombaram o restaurante Piantella na véspera do Natal, de madrugada. Só levaram os panetones do tradicional reduto dos políticos de Brasília.

Um comentário:

Adalberto Fonseca disse...

Essa forma como Wagner tem encarado o apoio de Dilma a Geddel mostra como ele é, de fato. Não há espírito democrático nele! Se houvesse, entenderia que cabe ao povo a escolha sobre quem deve levar as bandeiras do presidente Lula na Bahia, não a Dilma ou a ele mesmo.

Wagner, aceite a democracia, se preocupe em fazer nos próximos meses o que não fez em anos, e deixe o povo decidir!