sábado, 17 de outubro de 2009

'Pobre oposição, não tem o que fazer'

Chico de Gois
Enviado especial • Cabrobó (Pe)
DEU EM O GLOBO

Lula rebate críticas sobre custo e uso político de viagem com ataques a adversários

Um dia depois de ironizar a preocupação com o Nordeste manifestada pelo governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar a oposição, na última etapa da sua viagem pelo Rio São Francisco. Em entrevista, disse que a oposição não tem o que fazer, ao ser perguntado sobre o pedido de informações do PSDB e do DEM sobre os gastos com a viagem.

Mais cedo, discursando em palanque montado no canteiro de obras do Lote 1, Lula afirmou que o papel da oposição é ver defeito em seu governo.

— Pobre da oposição, que não tem o que fazer. Acho que a ociosidade é uma das desgraças da humanidade.

Bote um bando de homens juntos, sem ter o que fazer... é a desgraça — criticou. — Então, eles, ao invés de ficarem olhando o que eu estou fazendo, deveriam olhar o que eles estão fazendo. Seria mais fácil. Deveriam se lembrar do tempo em que eles governaram. A gente não pode ficar fazendo a discussão num nível menor. Mas não espero que a oposição reconheça o que nós fizemos. Não é o papel (dela).

Lula lembrou que já foi oposição, e que também criticava o governo: — Vocês se esquecem que fui oposição durante muito tempo. E falava mal de governo com a mesma facilidade com que eles falam mal de mim.

Com uma diferença: nós estamos fazendo o que eles não fizeram.

O presidente negou caráter eleitoreiro nos atos públicos. Para ele, não há problema em uma empresa dispensar os funcionários por algumas horas para ouvir o presidente, como aconteceu durante a sua visita e da comitiva — inclusive os pré-candidatos à sua sucessão Dilma Rousseff (PT) e Ciro Gomes (PSB) — pela região do São Francisco. E comparou os adversários ao jogador reserva que espera o titular ser expulso ou se machucar para poder entrar em campo.

— Quando a gente chega à Presidência, não tem o direito de ficar respondendo às críticas. Porque o papel da oposição é esse. A oposição é como jogador que está no banco de reservas e diz que é amigo do que está jogando, mas está doidinho para que o que está jogando tome um cartão vermelho ou se machuque para ele entrar no lugar. O papel da oposição é ver defeito.

Para Lula, os atos políticos que fez durante a viagem, com direito a palanque, claque e ladeado por dois pré-candidatos aliados à Presidência em 2010, não significam ações eleitoreiras. Comparou os seus atos públicos como presidente às assembleias de quando era sindicalista.

— Qual a diferença de eu fazer um ato de inauguração de uma reunião com trabalhadores que estão recebendo salário da empresa e pararam por algumas horas para ver o presidente da República? Onde tem a diferença de um comício? E completou: — Eu poderia fazer uma assembleia de trabalhadores, um ato público. Eu, sinceramente, acho que não cometi nenhum ato falho. Vou continuar falando.

Para mim, juntei mais de uma pessoa, se tiver duas, é um ato público, três é um comício, 50 já é uma assembleia grande, daquelas que eu fazia em São Bernardo do Campo.

Lula voltou a repetir que a oposição não quer o sucesso do país: — A oposição não quer que as coisas deem certo. O papel da oposição é ficar lá xingando e falando coisas, e o nosso papel é trabalhar, trabalhar e trabalhar, porque é isso que vamos mostrar quando terminar nosso mandato.

‘Quem quiser sair do anonimato trabalhe’

Ao comentar a declaração do senador Jarbas Vasconcelos (PMDBPE), que afirmou que o presidente está se tornando um mentiroso contumaz por ter dito que o peemedebista não o acompanhava em visita a obras quando era governador de Pernambuco, Lula reagiu: — Ninguém vai sair do anonimato às minhas custas. Quem quiser sair do anonimato trabalhe. Apresente proposta, discuta o Brasil.

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