domingo, 18 de outubro de 2009

A estratégia de Lula

Brasília-DF :: Luiz Carlos Azedo
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva corre contra o tempo. Sabe que esse é o recurso mais escasso de seu governo. Acumula forças em todas as áreas, mas não pode parar a rotação da Terra, não tem como espichar o seu mandato, nem concorrer à reeleição. Precisa traduzir seu enorme prestígio popular em transferência de votos para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), cuja candidatura foi ameaçada pelo ex-ministro Ciro Gomes (PSB), que pretende concorrer ao Palácio do Planalto pela terceira vez, e pela dissidência da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PV).

Bem-sucedido no combate à recessão, por causa da crise mundial, no plano político, o presidente Lula perdeu um ano dos quatro que tinha para viabilizar a continuidade do seu projeto de poder. Vive o drama de ter acertado a mão em quase tudo, até na escolha do Rio para sede das Olimpíadas de 2016, mas ainda não tem a confirmação de que acertou no nome do sucessor. Desprezou a candidatura de Ciro e sequer percebeu a de Marina. Optou por Dilma, em quem aposta os oito anos de mandato, que larga em desvantagem eleitoral. Enquanto o governador de São Paulo, José Serra, e Ciro Gomes liderarem as pesquisas, a estratégia de Lula só pode ser carregar Dilma Rousseff nos ombros, até que o povo o faça. É simples assim.

Vale

As críticas do presidente Lula à direção da Vale atiçaram parlamentares contra a empresa, principalmente nas bancadas de Minas e do Pará. A mineradora passou a sofrer ataques da tribuna da Câmara e as críticas da oposição à interferência do governo na empresa politizaram ainda mais a questão. Segundo o deputado Arnaldo Jardim (foto), do PPS-SP, as divergências entre o governo e a mineradora — cujo presidente, Roger Agnelli, está na berlinda — estão sendo infladas por motivações político-eleitorais, que “fogem à racionalidade dos interesses nacionais, do mundo das commodities e dos negócios com minérios e siderurgia”.

Pajelança

O PMDB fará uma grande reunião de seus caciques na próxima quarta-feira para mandar a seguinte mensagem ao público interno da legenda, uma aguerrida militância que vive às turras com o PT: está com a candidatura de Dilma e não abre. É que no sábado serão realizadas as convenções que elegerão os novos diretórios municipais e a cúpula da legenda quer esvaziar o discurso de prefeitos e vereadores do PMDB contrários à aliança. Alguns caciques questionam a pressa.

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