sábado, 31 de outubro de 2009

Debates: sem Jesus

Wilson Diniz
Professor e economista
DEU EM O DIA

Rio - O mapa eleitoral das eleições, desde 2002 mostra que o Brasil é o país dos grotões e o eleitorado dos pequenos municípios decide eleições presidenciais. Este mercado tem dono. É reduto de caciques políticos representantes das oligarquias regionais e é território fértil para perpetuar as desigualdades e a injustiça social.

Os partidos que loteiam o Congresso Nacional são propriedade de poucos políticos que se mantêm na rotatividade do poder, ampliando a dinastia de suas famílias na política local há anos, e mantendo o tecido social dos mais pobres, reféns da ausência de renovação de quadros políticos.

O município de Bacuri, no Maranhão, governado pelo clã dos Sarney, é a fotografia exata da perpetuação da miséria e da manutenção das oligarquias. A cidade está entre as 10 piores no ranking dos índices de pobreza, concentração de renda (72%) e de desenvolvimento humano (0.59). Com esses indicadores, até os ricos são considerados pobres.

Na eleição de 2010, todos os candidatos vão ter que mostrar projetos alternativos de médio e longo prazo para o País, e debater como manter a governabilidade sem fazer alianças espúrias e com limites de concessões. Os pré-candidatos não precisam fazer pacto com Satanás para se viabilizarem, nem colocar Jesus Cristo e Judas no rol dos debates.

Na próxima eleição, o Sudeste volta a decidir as eleições. A grande maioria dos votos dos paulistas e dos mineiros é dos tucanos. No Rio de Janeiro, pode acontecer uma insurreição quase surda do eleitorado no segundo turno, e o Nordeste vem rachado, com ou sem Ciro Gomes e os caciques.

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