quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Aécio e Serra no meio do povo

Tiago Pariz
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

PSDB traça viagens para que pré-candidatos tenham mais contato com a população. E garante que o clima não será de campanha

O PSDB vai adotar a mesma estratégia que tanto critica nas viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com sua presidenciável, Dilma Rousseff: levará Brasil afora os pré-candidatos tucanos para interagir com a população e conhecer os problemas sociais do país. Assim como Lula, para não ter problemas com a Justiça Eleitoral, o partido fingirá que não está em campanha.

Como resposta às críticas do DEM — o principal aliado para 2010 — sobre a passividade neste momento de pré-campanha, os tucanos elaboram uma agenda de viagens para os governadores Aécio Neves (Minas Gerais) e José Serra (São Paulo) fazerem corpo a corpo com a população e não falarem apenas para a parte politizada e filiada ao PSDB. A ideia é mostrar que os petistas não estão mais falando sozinhos.

A cúpula tucana entendeu que não adiantava mais seus dois pré-candidatos participarem apenas de eventos do partido, mesmo que isso os fizesse andar mais pelo país. A lógica é aprofundar Aécio e Serra na conversa com populares, donas de casa, comerciantes e até beneficiários do Bolsa Família, ou seja, a grande massa de brasileiros necessitados. E fazê-los ouvir sobre as necessidades do país nas áreas de saúde, educação, transportes, etc.

A tarefa está sendo tocada pelo presidente nacional da legenda, senador Sérgio Guerra (PE). “Não adianta mais participar dos seminários regionais. A ideia não é só falar para os nossos (militantes), é interagir também com a população”, disse Guerra. Ele ressalvou: “Mas com o cuidado de não fazer campanha”. Aliás, toda cautela é pouca nessa questão. Até porque, com o DEM, o PSDB entrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em protesto contra a recente excursão presidencial de três dias às obras no Rio São Francisco.

Fase de elaboração

As viagens, segundo Sérgio Guerra, não vão priorizar regiões do país — o Nordeste, por exemplo, onde Lula tem os maiores índices de popularidade. “A agenda não é geográfica, mas social”, disse o presidente tucano. Ele não quis revelar por onde começará o giro popular tucano, anunciado depois que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu Guerra, o senador Tasso Jereissati e o governador Aécio Neves para um jantar em sua residência, em São Paulo. “Ainda estamos em fase de elaboração (dos roteiros)”, sustentou o presidente do partido.

O encontro com Fernando Henrique não conseguiu produzir consenso sobre a antecipação da escolha do candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Sérgio Guerra voltou a dizer que essa decisão sairá de um entendimento de Serra com Aécio. “Isso será algo entre os dois e eles estão conversando.” O governador mineiro deseja que o partido defina seu candidato no fim deste ano. O colega paulista quer empurrar a escolha para meados do primeiro semestre de 2010.

O DEM quer a escolha logo por entender que essa indefinição coloca a oposição na defensiva e inviabiliza acordos nos estados. O líder do partido na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), por exemplo, tem dito que pode se lançar ao governo de Goiás contra o PSDB, numa aliança que enfraqueça os tucanos. Além disso, há dificuldades em fechar palanques competitivos no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, no Rio de Janeiro, no Maranhão, na Paraíba, no Ceará, em Pernambuco e Sergipe.

Queda de braço

O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), e o ex-senador e ex-dirigente Jorge Bornhausen (SC) travam uma disputa interna no DEM sobre quem é o interlocutor com o PSDB nas negociações em torno da eleição presidencial. Maia tem sido preterido nas conversas com o governador de São Paulo, José Serra, que adotou como canal o cacique catarinense. Nessa queda de braço, o deputado federal defendeu o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, como um político mais agregador que o paulista José Serra, nome preferido por Bornhausen.

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