domingo, 23 de agosto de 2009

Com PT fraco, PMDB pede mais por aliança

Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos
DEU EM O GLOBO

Partido quer que Lula enquadre petistas para acordos em 2010

BRASÍLIA. Se o presidente Lula e a cúpula do PT pensam que o sacrifício imposto ao partido no episódio do Senado garantirá que o PMDB fique amarrado à candidatura Dilma Rousseff à Presidência, podem ter uma surpresa.

Na mesma semana em que o Palácio do Planalto comandou operação para salvar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de investigação no Conselho de Ética, Lula foi alertado que o preço do PMDB para fechar a aliança com o PT, em 2010, será muito mais alto.

Ele foi cobrado por caciques peemedebistas para que marque para os próximos dias reunião de emergência com o PMDB.

Integrantes do partido avisaram que, se não houver um enquadramento do PT nos estados, a legenda pode desembarcar da pré-candidatura de Dilma.

Mesmo com problemas de imagem, o PMDB continua cobiçado tanto por Lula, como pelo PSDB. Mas, diferentemente do Planalto, os tucanos já trabalham para ficar com setores do partido e evitar o desgaste público de uma aliança.

No núcleo do governo a avaliação é pragmática: mesmo com os escândalos recentes, o PMDB é mais desejado do que nunca.

Com a insistência do PSB de lançar a candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes e da entrada da senadora Marina Silva na sucessão, a ordem é tentar manter o PMDB na aliança para dar sustentação a Dilma.

“Nesse ritmo, a aliança corre risco”, ameaça Eduardo Alves Os peemedebistas vão jogar pesado para impor candidaturas regionais em sacrifício de petistas.

A conversa com Lula deve ficar centrada nos palanques regionais.

No Rio Grande do Norte, semana passada, o presidente foi advertido sobre isso: — As dificuldades são cada vez maiores nos estados. Já não existe solução em muitos casos.

Se continuar nesse ritmo, a aliança corre risco — ameaçou o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves.

Os tucanos apostam que o PMDB mais uma vez deverá se dividir na eleição de 2010 — mesmo que consiga emplacar o vice na chapa de Dilma.

Ao perceber o tom de ameaça do PMDB, Lula tenta empurrar a negociação e pagar um preço mais baixo pela aliança e faz uma aposta de risco: vai esperar até o próximo ano para bater o martelo. Ele acredita na consolidação da candidatura de Dilma, o que obrigaria o PMDB a entrar na aliança em qualquer condição. Mas se a Dilma estiver fraca nas pesquisas, Lula já tem a convicção de que o PMDB não irá para o palanque, mesmo com um acordo prévio. Ou seja, não adianta agora pagar um preço ainda mais caro.

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