sábado, 22 de agosto de 2009

Ao PSOL Heloísa diz não saber se concorrerá ao Planalto em 2010

Catia Seabra
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Vereadora elogiou Marina, a quem chamou de "militante de esquerda exemplar"

Ainda indecisa sobre seu destino político e tecendo elogios à senadora Marina Silva, a quem chama de "militante de esquerda exemplar", a vereadora Heloísa Helena (AL) apresentou ontem, ao comando do PSOL, restrições à ideia de concorrer à Presidência no ano que vem.

A possível candidatura de Marina, admitiu, é um fator a ser considerado. Numa reunião com a Executiva, Heloísa condicionou a candidatura à unidade do PSOL, lembrou o laço com Marina e reconheceu que ambas têm perfil tão parecido que podem confundir o eleitor.

Mesmo se dizendo sensível "ao momento histórico da esquerda", Heloísa pediu que a decisão ficasse para o fim do ano. O PSOL deverá aprovar amanhã, em congresso, sua pré-candidatura. Mas, mantida a proposta dos aliados de Heloísa, deixará em aberto a hipótese de negociação com o PV.

"O partido não pode se considerar uma igrejinha fundamentalista, onde só seus quadros partidários podem disputar cargos importantes", disse Heloísa, após discursar em congresso do partido.

Pela manhã, ela se queixou dos ataques que sofreu do próprio partido ao longo do processo eleitoral. Contrária à descriminalização do aborto, ela foi alvo de críticas das mulheres do PSOL.
"Depois da eleição, quiseram me ver aniquilada", reclamou ela, sugerindo que o partido apresente um programa para, daí, escolher quem pode representá-lo.

"Talvez não seja eu a melhor representante do projeto de esquerda", afirmou ela, para quem "ninguém pode forçar um quadro partidário a defender uma bandeira".

Heloísa disse ainda que qualquer decisão dependerá do congresso do PSOL, neste fim de semana em São Paulo. Seu discurso incluiu até uma ameaça velada de saída do partido.

Líder da corrida pelo Senado em Alagoas, ela disse que não se ilude com os números e previu disputa dura no Estado. À tarde, reproduziu em discurso as críticas expostas à Executiva.

No congresso, após receber uma espada da deputada Luciana Genro (RS), perguntou se o partido não cometia "calúnias malditas ou infames, de guerras caluniosas pela internet que tentam aniquilar personagens políticos do partido".

"Não é possível que há poucos meses não tinha unidade e agora tem por causa do Datafolha.

A unidade não pode ser artificial." Na pesquisa Datafolha recente, Heloísa tem de 12% a 24% das intenções de voto.

No fim da noite, e numa demonstração de fissura partidária, uma corrente do PSOL lançou o nome de Plínio Arruda Sampaio para a Presidência.

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