terça-feira, 2 de junho de 2009

Serra, serra, serrador

Melchiades Filho
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - José Serra manteve a liderança isolada nas intenções de voto para a Presidência e viu melhorar a avaliação de sua administração em São Paulo. Mesmo assim, a mais recente pesquisa Datafolha não chega a ser boa para o tucano.

Primeiro, a crise econômica (falta de crédito, alta do desemprego, inadimplência crescente) não arranhou a imagem do governo federal.

A popularidade de Lula voltou ao patamar recorde (69%). Portanto, se o país sofrer outro abalo daqui até 2010, nada garante que a oposição conseguirá capitalizá-lo.

Segundo, a candidata de Lula confirmou o potencial. A desvantagem de Dilma Rousseff caiu de 30 para 22 pontos (38% x 16%). Deve cair mais. Um terço dos entrevistados ainda não sabe quem é ela. A campanha escancarada, com forró em Caruaru etc., cuidará disso.

Terceiro, o Datafolha fragilizou Aécio Neves -ele aparece atrás de Ciro Gomes (PSB) e de Dilma e empatado com Heloísa Helena (PSOL). Interessava aos serristas turbinar o governador mineiro e convencê-lo a compor uma chapa puro sangue, e não o ver sair apequenado e focado em seu Estado.

Os tucanos otimistas dirão que Serra está ainda recolhido, e que por isso seus números são ótimos e o futuro a ele pertence. Mas o que o governador terá a oferecer quando sair do recolhimento? Provavelmente menos do que o Planalto.

A expectativa de poder não basta mais para atrair apoios. Os PMDBs já deixaram claro que pretendem ficar com o candidato do governo (sugando a máquina enquanto puderem), certos de que serão chamados para assegurar a "governabilidade" não importa o vencedor.

Por fim, o Datafolha complicou até a "saída por cima". Será difícil para Serra renunciar à corrida nacional alegando necessidade de garantir São Paulo para o PSDB. A pesquisa revelou um PT débil no Estado e, mais, que Geraldo Alckmin faria o mesmo serviço (no primeiro turno) para os tucanos.

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