sexta-feira, 19 de junho de 2009

Senadores reagem a Lula

DEU EM O GLOBO
BRASÍLIA. Alheios à declaração do presidente Lula de que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não deve ser tratado como uma pessoa comum, mais 12 senadores aderiram ao movimento suprapartidário - iniciado anteontem com oito - para demitir o diretor-geral da Casa, Alexandre Gazineo, e para adotar medidas administrativas moralizadoras. Senadores criticaram o discurso de Lula em defesa de Sarney.

- Do alto dos 80% de popularidade, Lula está achando que é dono da verdade absoluta. Quanto a Sarney, se ele é presidente do Senado, sua responsabilidade pela crise naturalmente é maior do que a de qualquer outro parlamentar - disse Pedro Simon (PMDB-RS).

- A biografia do presidente Sarney estaria absolutamente segura se, no dia em que ele entregou o cargo de presidente da República ao presidente Collor, ele tivesse ido para casa e virado estadista aposentado. Mas ele não quis isso. Preferiu guardar a biografia para os historiadores e ocupar um cargo político - afirmou Cristovam Buarque (PDT-DF).

- Ele (Lula) confundiu tudo ao pensar que Sarney, que ele já chamou de ladrão, não tenha de ser tratado como um homem comum. Acha que pode tratar Sarney como um aloprado qualquer, como fez com os mensaleiros, dando apoio e passando a mão na cabeça - emendou o presidente do PPS, Roberto Freire.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que as declarações de Lula foram mal interpretadas.

- O que o presidente Lula fez foi pedir um voto de confiança.

Cristovam encaminhou ontem a Sarney o documento que cobra a adoção de oito medidas imediatas para ajudar o Senado a sair da crise, que inclui o pedido de demissão de Gazineo. Dos 20 senadores que assinaram a proposta, pelo menos sete são petistas - mais da metade da bancada.

Se Sarney não anunciar na semana que vem providências para explicar como mais de 600 atos administrativos deixaram de ser publicados nos últimos dez anos e apontar os responsáveis, voltará à linha de tiro de colegas.

Pressionado, Sarney antecipou o apoio a propostas como a definição de meta de redução de pessoal, sessões mensais para estabelecer a pauta e votar medidas administrativas, além de auditoria externa dos contratos.

Enquanto Sarney não reage com medidas, cresce a lista de parentes dele que ganharam cargos por atos secretos. Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", seu irmão Ivan Sarney também ocupou cargo na Casa pelo menos até 2007. Agora já são sete os parentes de Sarney beneficiados por esses atos.

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