segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dilma até dança forró, mas passa despercebida por Caruaru

Carolina Mandl, de Caruaru (PE)
DEU NO VALOR ECONÔMICO

Sem discursos, caminhadas entre os populares e faixas de recepção, a passagem da ministra da Casa Civil e pré-candidata à presidência Dilma Rousseff passou praticamente despercebida das 25 mil pessoas que foram ver a abertura dos festejos juninos em Caruaru sábado à noite. A interação da ministra com o povo se limitou a alguns poucos acenos do camarote do Pátio do Forró, espaço onde acontecem as comemorações de São João na cidade. Embaixo, sem reconhecer quem acenava, a população não correspondia ao gesto de Dilma, que cresceu na pesquisa de intenção de voto divulgada neste fim de semana.

Na plateia, a vendedora de cerveja Marilene Ferreira, de 25 anos, associou o nome da ministra a uma cantora: "Ela vem? Eu já ouvi uns CDs dela", dizia, empolgada. Alguns participantes da festa tinham uma vaga lembrança. "É a secretária de Lula?", perguntou o garçom Carlos Bezerra, de 38 anos. A faxineira Lucineide Cordeiro não a reconheceu de nome, mas, quando a reportagem explicou que era a ministra do governo Lula que estava doente, ela lembrou. "É aquela que está com câncer?"

Com a pouca divulgação da vinda da ministra para a abertura da festa, mesmo quem sabia quem era Dilma Rousseff não tomou conhecimento da sua visita à cidade. "Não estou sabendo de nada", disse a comerciante Marlene Moura, de 40 anos.

Em fevereiro, quando participou do bloco carnavalesco Galo da Madrugada, no Recife, e subiu as ladeiras de Olinda, mesmo sem ser reconhecida por muitos, a ministra caminhou no meio do povo. Nos camarotes, alto-falantes também anunciavam a presença dela.

Em Caruaru, porém, foi aparentando boa disposição e quase sem ser notada que Dilma passou pela cidade. Antes de ir para a festa popular, ensaiou passos de forró em um jantar fechado para convidados na casa do deputado federal Wolney Queiroz (PDT), filho do prefeito da cidade, José Queiroz (PDT). "Ela se saiu bem. Ou já dançou muito na vida, ou tomou umas aulas", disse José Múcio (PTB), ministro das Relações Institucionais.

A falta de clima eleitoral em Caruaru contrasta com pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Datafolha sábado. Nela, a distância entre a ministra e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), caiu oito pontos percentuais. Em relação a março, Dilma subiu cinco pontos e está com 16%, o que a deixa tecnicamente empatada com Ciro Gomes (PSB). Na liderança, Serra perdeu três pontos, ficando com 38%.

"É uma pesquisa. E pesquisa é algo volátil. Um dia sobe, um dia desce. E tudo isso é muita espuma. Vamos tratar do forró", disse. Apesar da resposta vaga, Dilma afirmou acreditar que o candidato do governo - "seja lá quem ele for" - tem grandes chances de ganhar.

O levantamento do Datafolha também apurou o impacto do câncer linfático que a ministra trata neste momento por meio de quimiometerapia em uma possível candidatura. Cerca de 81% dos entrevistados aprovaram a decisão da ministra de tornar pública sua doença. Dilma afirmou que em alguns momentos se sente mais debilitada por conta do tratamento. Porém, ela disse que está mantendo o ritmo normal de trabalho. "Eu tenho um ritmo de trabalho muito excessivo em alguns momentos. Esse ritmo eu não estou mantendo", disse

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