sábado, 16 de maio de 2009

Vendas a prazo caem 18% em abril

Márcia De Chiara
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Calote deu sinal de desaceleração no período de janeiro a abril deste ano

As vendas a prazo despencaram e o calote do consumidor deu sinais de desaceleração no primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2008. Os movimentos apontados por dois indicadores de varejo divulgados ontem revelam reflexos diferentes da crise de crédito sobre o consumo.

As consultas recebidas pelo Serviço Central de Proteção ao Crédito em 2.118 municípios para compras no crediário caíram 13,9% entre janeiro e abril, na comparação com os mesmos meses do ano passado, apontam os dados centralizados pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP). No primeiro trimestre, o tombo havia sido um pouco menor: as vendas a prazo tinham encerrado o período com queda de 12,4% na comparação anual.

"Abril foi péssimo para o crediário e aprofundou um pouco mais a queda no quadrimestre", afirma o economista da ACSP, Emílio Alfieri. Só no mês passado, as consultas para vendas a prazo recuaram 18% ante abril de 2008 em todo o País. Em São Paulo, o maior mercado consumidor, a queda foi de 20,2% na comparação anual.

Pesquisa nacional da Serasa Experian mostra que o indicador de inadimplência do consumidor cresceu 10,8% no primeiro quadrimestre deste ano ante igual período de 2008. Apesar da alta, a taxa de crescimento anual é menor que a do primeiro trimestre, quando houve um acréscimo de 11,4% no volume de calote. Só em abril, o indicador subiu 8,9% ante 2008.

"Os números da inadimplência do quadrimestre são menos piores que os do trimestre", observa o gerente de Indicadores Econômicos da Serasa Experian, Luiz Rabi. Ele pondera que, no primeiro quadrimestre do ano passado, a alta havia sido menor, de 6,7% na comparação anual.

Para o economista da ACSP, a inadimplência do consumidor está crescendo em ritmo menor porque as vendas a prazo despencaram. "Isso é natural", diz Alfieri. Ele observa que a retração no crédito acabou, de certa forma, atenuando o problema do calote.

Já o economista da Serasa Experian faz uma análise diferente. Para Rabi, a inadimplência está desacelerando porque a atividade econômica dá sinais de recuperação e esse movimento tem impacto positivo no orçamento doméstico. "Não é porque a atividade está diminuindo", afirma.

VOLTA DO CHEQUE

Um dado relevante da pesquisa Serasa Experian de inadimplência é o aumento de 32,6% no valor médio dos cheques sem fundos entre janeiro e abril deste ano, na comparação com o primeiro quadrimestre de 2008. O valor médio dos cheques devolvidos no período foi de R$ 844,69. Os cheques responderam por 17,5% da inadimplência no período. "Com o choque de crédito, o consumidor voltou a usar, com maior frequência, o cheque pré-datado nos últimos meses", diz Rabi.

Em contrapartida, o valor médio das pendências com cartões de créditos e financeiras, que se tornaram mais rigorosas na concessão de novos financiamentos, recuou. Entre janeiro e abril, o valor médio da inadimplência nessas duas modalidades de financiamento foi de R$ 374,91, cifra 13,5% menor que a registrada no primeiro quadrimestre de 2008. As pendências com cartões de crédito e financeiras responderam por 37,1% do calote do consumidor como um todo no período.

Também o valor médio das dívidas com bancos teve um ligeiro recuo de 2,4% no quadrimestre, e ficou em R$ 1.333,15.

As pendências com bancos lideraram o ranking da inadimplência do consumidor, respondendo por 43,5% dos créditos com pagamentos em atraso, aponta a Serasa Experian.

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