sexta-feira, 15 de maio de 2009

Tensão em oito estados

Luiz Carlos Azedo
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

Enquanto o PMDB reclama dos caciques petistas, o PT tenta manter candidatos próprios em áreas prioritárias para os peemedebistas fecharem a aliança

A cúpula do PT virou uma espécie de cabeça de camarão nas negociações com o PMDB: desapareceu. O presidente da legenda, Ricardo Berzoini (SP), e o secretário-geral, José Eduardo Cardozo (SP), não têm amplo trânsito entre os caciques peeemedebistas. Mantêm a Executiva Nacional alinhada à política de alianças do Palácio do Planalto, mas não conseguem avançar na construção das alianças com o PMDB nos estados. As conversas dependem muito mais das relações do próprio presidente Lula e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Resultado: cresce a tensão entre as duas legendas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e Pará.

Cotado para ser o novo presidente do PT, Gilberto Carvalho já dá sinais de que o presidente Lula não abrirá mão de seu trabalho como chefe de gabinete no Palácio do Planalto. Ele é de longe o petista com mais prestígio e acesso aos aliados do PMDB e dos demais partidos da coalizão de governo. As demais lideranças petistas já buscam um nome para o lugar que seria de Carvalho, que não esteja envolvido em disputas com os aliados peemedebistas.

Hoje, o epicentro do conflito com o PMDB está em Minas Gerais, onde o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT) postula a vaga de candidato a governador, com amplo apoio das bases partidárias e a simpatia de Dilma, sua companheira desde a luta armada. Enfrenta a oposição do secretário-geral da Presidência, Luiz Carlos Dulci, e do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, mas não por causa da candidatura do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB).

Na verdade, Dulci apoia Patrus ao governo de Minas. O PMDB, porém, não abre mão da candidatura do seu ministro como quer o PT, simplesmente porque é Costa que está na frente nas pesquisas de opinião com o eleitorado. Para Dilma, a candidatura de Pimentel pode ser um trunfo na relação com o eleitor mineiro se Aécio perder a vaga de candidato do PSDB a presidente da República e concorrer ao Senado.

Andanças

A situação mais ou menos se repete no Rio Grande do Sul, onde a candidatura do ministro da Justiça, Tarso Genro, aproximou o PMDB da governadora Yeda Crusius (PSDB). A tucana pode acabar apoiando a candidatura do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), se desistir da reeleição. No Rio de Janeiro, as andanças do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria (PT), irritam um dos aliados mais firmes de Lula no PMDB, o governador Sérgio Cabral. A mesma situação se repete no Espírito Santo, onde os petistas pressionam o prefeito de Vitória, João Coser, para que seja candidato ao Palácio Anchieta. No Pará, a governadora Júlia Carepa vive às turras com outro aliado de Lula, o deputado Jader Barbalho (PMDB).

Por incrível que pareça, porém, a situação começa a mudar em São Paulo. Sem candidato natural, o PT já admite uma aliança em torno de um candidato do PMDB ao Palácio dos Bandeirantes, com a dupla Orestes Quércia (PMDB) e Aloízio Mercadante concorrendo ao Senado. Se isso ocorrer, será a senha para Lula enquadrar o PT em todos estados onde o PMDB terá candidatos a governador.

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