quarta-feira, 13 de maio de 2009

Amigo de FHC, indicado estuda democracias

Márcio Aith
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

O chileno Arturo Valenzuela, 66, construiu sua reputação como um estudioso da origem, dos avanços e dos fracassos da democracia presidencial na América Latina.

Valenzuela deixou seu país aos 16 anos para estudar nos Estados Unidos, onde completou seu Ph.D em ciência política pela Universidade de Columbia. Nas décadas de 70 e 80, conheceu e tornou-se amigo dos intelectuais mais proeminentes da região. Entre eles, o argentino Guillermo O"Donnel e o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, a quem visita sempre que vem ao Brasil -na última vez, em julho do ano passado, quando veio pedir apoio para as atividades acadêmicas do centro de estudos para a América Latina da Universidade de Georgetown, do qual era diretor até a nomeação anunciada ontem.

Quando tornou-se conselheiro do presidente Bill Clinton para a América Latina, em 1993, Valenzuela foi peça crucial na aproximação entre FHC (que só se tornaria presidente em 1995) e o presidente americano. Usou suas ligações com o Brasil para solucionar crises na região entre elas, a do assassinato do vice-presidente paraguaio, Luis María Argaña, em março de 1999.

Na Casa Branca, Valenzuela liderou as negociações secretas para liberar os documentos da CIA sobre o golpe militar do Chile, mantidos sob sigilo até 2000. Couberam a ele os esforços para tornar públicos os trechos mais relevantes dos papéis.

Escreveu nove livros. O mais conhecido deles, "The Failure of Presidential Democracy: The Case of Latin America" (a falência da democracia presidencial: o caso da América Latina), retrata o descompasso entre o avanço da democracia formal e o atraso das instituições republicanas na região. Valenzuela defendeu abertamente o regime parlamentarista no Chile, seu país de origem. Ele achava que o regime parlamentarista em seu país poderia ter evitado grande parte da turbulência verificada no país nos últimos 50 anos.

Chávez

Suas manifestações públicas sobre os regimes do venezuelano Hugo Chávez, do boliviano Evo Morales e do equatoriano Rafael Correa são cuidadosas. Reservadamente, no entanto, expressa preocupação com o renascimento de uma tendência autoritária na região. E culpa o ex-presidente George W. Bush por fornecer parte do combustível para o personalismo de esquerda na América Latina.

Em um discurso às Nações Unidas, em 2006, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comparou Bush ao "Diabo". Disse ainda que os Estados Unidos eram a maior ameaça ao mundo e produziam um cenário de filme de terror.

Na ocasião, Valenzuela criticou o excesso retórico de Chávez. Mas culpou Bush por fazer o mundo perder a admiração pelos americanos. "Nunca vi um momento da história em que os Estados Unidos perderam tanto respeito internacional. Chávez usou nas Nações Unidas a mesma retórica com a qual se comunica com seus seguidores. Mas há algo mais. Ele se comunica com eficiência com aqueles que perderam a confiança na liderança americana", disse então.

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