segunda-feira, 27 de abril de 2009

PMDB: tempo para fazer avaliações

Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti
DEU EM O GLOBO


Principal aliado do governo Lula e cotado para dividir chapa com os petistas na sucessão presidencial, o PMDB recebeu com preocupação a notícia de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, enfrentará nos próximos meses uma batalha contra um câncer linfático. Assim como o PT, os peemedebistas já consideravam a candidatura de Dilma consolidada e não trabalhavam com nenhum plano B. Mas há quem vislumbre dentro desse novo cenário a possibilidade de o grupo favorável a uma aliança com o PSDB aproveitar o momento para ganhar espaço dentro do partido.

— Com certeza, isto fortalecerá o grupo do PMDB serrista, que vai tentar tirar vantagem — disse ontem o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), numa alusão ao peemedebistas que torcem pelo lançamento da candidatura do tucano José Serra.

Dirigentes do partido adotaram tom de cautela Mesmo informalmente, líderes do PMDB passaram a manhã trocando ideias sobre o quadro político daqui para a frente. Mas a maioria evita falar em plano B, ou mesmo num crescimento do PMDB nesse novo cenário.

— Todos nós fomos tomados de surpresa pela notícia, que de certa forma é tranquilizadora.

Mas é preciso um pouco mais de tempo para uma avaliação mais precisa, talvez no início do segundo semestre. Hoje conversei com Michel Temer e, até para ajudar no estímulo psicológico, estamos todos na torcida pela recuperação da ministra Dilma — observou o líder do partido na Câmara, Henrique Alves (RN).

— Fica difícil neste momento fazer uma análise da situação à luz da eleição — reforçou Renan Calheiros (AL), que comanda a bancada do PMDB no Senado.

Para o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDBRR), seu partido não tem outra alternativa para a sucessão presidencial de 2010.

— Sem Dilma, não há nome.

Sua candidatura se fortaleceu porque não havia um nome natural. Era tudo japonês.

Como ela era a japonesa de Lula, emplacou. O processo continua aberto. É preciso aguardar como esse fato novo será metabolizado emocionalmente pela opinião pública.

Os próximos meses serão decisivos. Se a questão de saúde da Dilma for encaminhada positivamente, reforçará a imagem de que ela venceu a ditadura, a tortura e o câncer— previu Jucá.

Romero Jucá descarta ainda a hipótese de o PMDB lançar uma candidatura própria por falta de alternativa viável.

Sua aposta continua sendo a de que o partido poderá indicar um nome para ser o vice na chapa do PT.

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