segunda-feira, 27 de abril de 2009

Notícia da doença atrasa negociação sobre aliança

Ana Paula Scinocca
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

A divulgação do problema de saúde da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do PT para a disputa presidencial do ano que vem, gerou insegurança entre os aliados do governo. Surpreendidos com a notícia no sábado, procuraram adotar o tom da cautela, mas se mostraram certos de que, pelo menos neste momento, a formação da aliança nacional de 2010 fica em compasso de espera.

"Tudo vai depender da evolução do quadro clínico da ministra. Estamos agora torcendo para que ela se recupere e que isso não influencie em nada (as negociações e a candidatura de Dilma para 2010)", resumiu o presidente da Câmara e uma das principais lideranças do PMDB, o deputado Michel Temer (SP). O PMDB é o partido mais cobiçado para a formação do palanque para a disputa presidencial de 2010. Integrantes da sigla têm sido cortejados tanto pelo PT, de Dilma e Lula, quanto pelo PSDB do governador de São Paulo, José Serra, principal nome tucano na corrida ao Planalto.

Embora o clima seja de insegurança, há quem aposte que a doença enfrentada por Dilma não mudará as articulações eleitorais de 2010. Líder do PTB no Senado, Gim Argello está entre os que apostam na tese de que tudo ficará como antes. "A ministra Dilma tem um problema pequeno e que, daqui a seis meses, será passado. Isso (a divulgação do linfoma) só foi notícia porque ela é candidata à Presidência", avaliou. Para o senador, Dilma demonstrou coragem ao vir a público falar sobre sua doença. "É apenas mais um desafio e os médicos deixaram claro que as chances de cura são superiores a 80%. Para nós não muda nada."

Além dos divididos entre a cautela e a esperança, entre os aliados há também aqueles que apostam que o episódio servirá para humanizar Dilma - vista até então como uma dama de ferro - como política. "Ela mostrou que tem raça e coragem e o povo brasileiro se identifica com isso", resumiu um aliado que preferiu não se identificar.

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