terça-feira, 31 de março de 2009

Com a crise, popularidade de Lula cai

Gerson Camarotti
DEU EM O GLOBO

Pesquisa do Sensus mostra queda de 10 pontos percentuais na avaliação do governo

BRASÍLIA. Os reflexos da crise global na economia brasileira provocaram abalo na avaliação do governo e na aprovação do desempenho pessoal do presidente Lula. A avaliação do governo sofreu uma queda de dez pontos percentuais em março, segundo a pesquisa do Instituto Sensus encomendada pela Confederação Nacional de Transportes (CNT) e divulgada ontem. O índice positivo passou de 72,5%, registrado em janeiro, para 62,4%, agora. Já a queda na aprovação pessoal de Lula foi de oito pontos no mesmo período, passando de 84% para 76,2%. E a desaprovação subiu de 12,2% para 19,9%. A pesquisa foi feita entre 23 e 27 de março, com dois mil eleitores em 136 municípios de 24 estados. A margem de erro é de três pontos percentuais.

O levantamento confirma que a queda de popularidade está diretamente relacionada à crise.

Em dezembro, quando os efeitos da crise ainda não eram fortemente sentidos no país, 38,5% dos entrevistados pelo Sensus disseram que a situação do emprego piorara. Agora, esse percentual é de 54,5%. E os otimistas, que consideram que houve melhora na geração de empregos, diminuíram: de 32,7% em janeiro para 20,9% em março.

Na pesquisa, 38,7% dos entrevistados afirmaram que conhecem alguém que perdeu o emprego devido à crise, e outros 24,8% souberam de pessoas que ficaram desempregadas. Outros 34,9% disseram não conhecer ninguém nessa situação.

A pesquisa mostra que, hoje, 44,8% têm receio de perder seu emprego caso a crise se agrave. Em janeiro, esse índice era de 43,8%.

Outro dado que reflete a preocupação da população trata da renda mensal nos últimos seis meses. Para 32,6 %, a renda diminuiu nesse período — em janeiro, o índice era de 23,2%. A renda ficou igual para 40,3%, contra 49,3% em janeiro.

Entre os que dizem que a renda aumentou, houve leve oscilação: de 25,3% para 24,6%. Mesmo assim, 40,1% afirmaram que o Brasil está lidando adequadamente com a crise econômica, enquanto 26,5% disseram o contrário.

— Está claro que a avaliação do emprego e da renda influenciaram na popularidade do governo.
Houve uma queda significativa no desempenho do governo Lula, embora a aprovação permaneça alta. Esses números mostram que voltamos aos patamares anteriores à crise financeira — observou o cientista político Ricardo Guedes, do instituto Sensus.

Serra lidera nas intenções de voto para 2010

Os dados da pesquisa para a sucessão presidencial de 2010 apontam uma polarização entre o o governador paulista José Serra (PSDB), pré-candidato do PSDB, e a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), nome do presidente Lula. Serra lidera com folga em todos os cenários em que aparece, tendo crescido três pontos percentuais entre janeiro e março.

Dilma também cresceu no período e, pela primeira vez, está à frente do governador Aécio Neves (PSDB-MG), numa eventual disputa com ele no segundo turno. Ela também supera Aécio na pesquisa espontânea, quando os nomes não são sugeridos.

No primeiro cenário, Serra lidera com 45,7% das intenções de voto (eram 42,8% em janeiro), enquanto Dilma subiu de 13,5% para 16,3%. A vereadora Heloísa Helena (PSOL) oscilou de 11,2% para 11%. Quando Serra é substituído por Aécio, há empate técnico entre o mineiro (22%) e a petista (19,9%). Como candidato governista, Ciro Gomes (PSB-CE) fica em segundo lugar, com 14,9%. Serra tem 43,1% e Heloísa, 12,8%.

Nas simulações de segundo turno, Serra ganharia com folga, se a eleição fosse hoje. Teria 53,5% dos votos, numa disputa com Dilma, que ficaria com 21,3%. Mas, se o candidato tucano fosse Aécio, Dilma levaria vantagem, numa disputa acirrada: 29,1% contra 28,3% do tucano. Em janeiro, Aécio aparecia com 30,4% das intenções de voto, contra 23,9% de Dilma.

Na pesquisa espontânea, ela também é mais lembrada do que Aécio (2,9%), ficando em terceiro lugar, com 3,6%, atrás de Serra, com 8,8%, e de Lula, com 16,2%. Outro dado que chamou atenção é que, apesar da queda de popularidade, cresceu a capacidade de Lula de transferir votos: 21,5% disseram que votariam em um candidato apoiado pelo presidente.

Em dezembro, eram 15,6%.

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